Governadores:
José Gonçalves da Silva
General Tude Soares Neiva
Contra-almirante Joaquim Leal Ferreira
Presidentes da Assembleia Geral:
Luiz Viana
Joaquim Leal Ferreira
Criados os municípios de Barreiras, Coração de Maria, Jequiriçá, Oliveira dos Brejinhos e São Miguel das Matas.
O governador do estado recebe telegrama do ministro do Interior, concedendo-lhe plena liberdade para o adiamento das eleições para a composição da futura Assembleia Estadual: “Podeis proceder quanto no adiamento das eleições pela forma que vos parecer mais acertada. O governo só deseja que elas corram pacíficas e regularmente, tendo toda a confiança em vós.”
O Pequeno Jornal, de propriedade de Cézar Zama, denuncia que “os operários do Arsenal da Marinha irão trabalhar, ao invés de exercerem seu direito de voto”.
São realizadas as eleições para a Assembleia Estadual Constituinte, em 5 de fevereiro, com duas chapas concorrendo, uma do Partido Nacional e outra do Partido Republicano, saindo-se vencedora a última, composta em sua maioria por antigos políticos do Império e oficiais do Exército. Registra-se grande número de abstenções, em função da propaganda oposicionista que anunciara o adiamento do pleito. A Assembleia Nacional promulga em 24 de fevereiro a primeira Constituição Brasileira, baseada no modelo norte-americano de República Federativa, onde os estados mantêm relativa autonomia em relação ao governo federal, podendo inclusive contrair empréstimos no exterior e organizar forças militares e justiça próprias.
O Congresso Constituinte da República Brasileira elege, em 25 de fevereiro, os marechais Deodoro da Fonseca, presidente da República, e Floriano Peixoto, vice.
Realiza-se em 29 de março a primeira sessão da Assembleia Constituinte da Bahia, sob a presidência de Sátiro Dias e tendo como secretários Wenceslau Guimaraes (1º) e Sá Oliveira (2º). Também o Senado Estadual realiza sua primeira sessão, tendo como presidente Luiz Viana e como secretários Ribeiro dos Santos (1º) e Almiro Ribeiro (2º).
Inicia-se a discussão do anteprojeto da Constituição, com itens polêmicos: alguns parlamentares não aceitam o poder de sanção ou veto conferido ao chefe do Executivo, que, desta forma, sobrepõe-se ao trabalho de duas casas legislativas; outros se opõem ao sistema bicameral do Legislativo, defendendo a extinção do Senado.
Na Praça da Piedade, em frente ao prédio da Assembleia Legislativa, a oposição, descontente com as contínuas derrotas de suas propostas, decide não participar da votação final do projeto e organiza um comício, onde são coletadas assinaturas para um abaixo-assinado pedindo eleições diretas para governador.
É promulgada a primeira Constituição do estado, em 2 de julho, com a imediata eleição do primeiro governador constitucional, José Gonçalves da Silva. A Constituição baiana tem como modelo a Carta Federal, e reconhece a existência dos três poderes, que funcionarão de maneira
independente e harmoniosa entre si: o Executivo, o Judiciário e o Legislativo, sendo este último exercido por duas Câmaras (sistema bicameral), a dos Deputados, com 42 membros, e o Senado com 21, eleitos por sufrágio direto.
A Constituição da Bahia regulamenta e estabelece os requisitos para a criação de municípios: população superior a 15 mil habitantes, renda municipal superior a 10 contos de réis e pelo menos 20 % da população adulta alfabetizada.
O senador Luiz Viana é acusado pelo ministro da Justiça de acumular dois cargos públicos, o de juiz e o de senador, devendo optar por um deles.
Continuam os veementes ataques dos oposicionistas ao governador José Gonçalves da Silva, a quem responsabilizam pela difícil situação econômica que o estado atravessa. A crise, contudo, é generalizada em todo o país, devido ao “encilhamento”, política financeira de estímulo à indústria adotada por Rui Barbosa, quando ministro da Fazenda, após a Proclamação da República. As medidas de Rui Barbosa resultaram em intensa especulação financeira na bolsa de valores, aparecimento de inúmeras empresas fantasmas, desvalorização da moeda e dos títulos, emissão descontrolada de moeda e inflação galopante.
O presidente Deodoro da Fonseca dissolve o Congresso Nacional em 3 de novembro, contrariando a Constituição promulgada em fevereiro, propondo-se a realizar, no futuro, novas eleições e uma revisão constitucional. Mas o seu plano fracassa, em virtude de não contar com a unidade das Forças Armadas. Por outro lado, os “florianistas”, juntamente com a população civil e setores da Marinha, reagem. Deodoro acaba renunciando em 23 de novembro, assumindo o poder o vice-presidente Floriano Peixoto.
Ante a tentativa de golpe ocorrida no Distrito Federal, na Assembleia Legislativa é aprovada moção de confiança ao governo estadual e aos poderes legalmente constituídos.
O governador José Gonçalves, logo após o golpe intentado por Deodoro, mantém-se indeciso, resolvendo apoiá-lo em 5 de novembro. O deputado Cézar Zama, aliado de Floriano Peixoto, organiza na Praça da Piedade grande manifestação contra o governador, exigindo, inclusive, a sua renúncia. Registra-se grande tumulto, manifestantes entram em conflito com a força policial. O governador acaba por renunciar e, como nem o presidente da Câmara nem o do Senado assumem o cargo, acaba designado governador o general Tude Neiva, que tenta apaziguar a cidade (permaneceria no cargo menos de um mês, já que, acometido Governador Tude Soares Neiva de doença, transmite o governo a Abreu Lima). Os senadores estaduais lançam um manifesto apoiando o governador deposto, invocando os princípios constitucionais.
Renunciam também os conselheiros municipais de Salvador, em decorrência ainda das pressões populares que levam à queda de José Gonçalves.
Com a renúncia do governador, o interior do estado entra em situação de alerta geral, com algumas cidades, a exemplo de Conquista e Andaraí, temendo ataques de “criminosos”, devido à ausência de ação governamental.
Após renúncia de Luiz Viana, é eleito presidente do Senado Estadual o almirante Joaquim Leal Ferreira Júnior, que assume também, interinamente, o governo do estado.
O Partido Operário, que conta com a participação de artistas e operários, reúne-se na sede da Filarmônica Luso-Guarani para eleição do seu diretório. Ainda neste ano, o partido lança seu próprio jornal, A Voz do Operário. Outro jornal que também circula expressando ideias da classe operária é O Trabalho.
É fundada a Faculdade Livre de Direito, com a presença de várias autoridades civis e estudantis.
O flagelo da seca se abate sobre o estado, provocando falta de água em Feira de Santana e levando à mobilização de cidadãos, inclusive das classes privilegiadas, para auxílio aos flagelados.
Registra-se surto de varíola em Santo Amaro, com 69 internamentos apenas em um mês, além de diversas mortes.
O governo concede privilégio à Companhia de Transportes Urbanos da construção de linha férrea que ligará o Rio Vermelho à Pituba.
Instalada a União Fabril da Bahia, organizada pela fusão de algumas fábricas de tecidos de Salvador.
Após muito sofrimento, morre em Barbacena, Minas Gerais, o arcebispo da Bahia, dom Antônio Macedo Costa.
Informação do Diário da Bahia dá conta de que, sob a alegação de “cenas de imoralidade que causam transtornos aos fiéis”, a Igreja, com o apoio do governo do estado, proibiu neste ano a realização da lavagem “que tradicionalmente se fazia na capela do Senhor do Bonfim. Foi simplesmente celebrada uma missa, notando-se pouca concorrência de fiéis”.
É inaugurado o Jardim da Piedade.
A cidade de Bonfim ganha iluminação pública, com lampiões belgas.

“No tempo da Monarquia, deixei-me prender, porque reconhecia o governo; hoje não, porque não reconheço a República”.
(Antônio Conselheiro)