Governadores:
Contra-almirante Joaquim Leal Ferreira
Joaquim Manoel Rodrigues Lima
Presidente da Assembleia Geral:
Joaquim Leal Ferreira
É regulamentado o processo eleitoral, por meio da lei n° 10. O alistamento dos eleitores passa a ser feito nos meses de janeiro e junho por juntas distritais, que fornecerão um título de eleitor a cada cidadão alistado e afixarão um edital com a ata geral do alistamento. Aquele cujo nome não constar da lista terá um prazo de 30 dias para recorrer.
Em virtude da renúncia de José Gonçalves da Silva, a Assembleia Geral Legislativa, amparada na Constituição, fixa nova data (20 de março) para eleições de governador do estado. Fixa, também, o dia seguinte, 21, para o das eleições dos conselhos municipais, intendências, juntas distritais e juízes de paz.
Rodrigues Lima assume o governo do estado, sendo o primeiro governador eleito pelo voto popular direto. Apesar da forte oposição, caraterizada pelas lutas políticas da época, realiza uma gestão equilibrada, com atuação mais acentuada na área das finanças, com vistas a diminuir a dívida pública.
Na Vila do Orobó, em reunião do Conselho Municipal para tratar de recursos e reclamações eleitorais, a sala é invadida por mais de 30 pessoas, lideradas pelo delegado de polícia Augusto Fagundes de Sousa que agridem o intendente e outros membros do Conselho, rasgando petições de recursos, livros e papéis. Somente a presença do juiz consegue controlar a situação, evitando maiores prejuízos.
O senador Rui Barbosa e o deputado federal J.J. Seabra fazem oposição feroz ao governo de Floriano Peixoto. Seabra participa de ato público realizado no Largo da Lapa, no Rio de Janeiro, em favor de Deodoro. Ao tomar conhecimento da trama conspiratória que vinha sendo articulada, Floriano decreta estado de sítio para o Distrito Federal por 72 horas. J.J. Seabra é preso em abril e deportado para Cucuí, posto militar à margem do rio Negro, nos limites do Brasil com a Venezuela. É anistiado no mês de junho, mas só em agosto é libertado, tal a dificuldade de acesso ao local do desterro. Ao retornar à capital federal, reassume sua cadeira de deputado e continua a desafiar o governo Floriano.
São organizados, com grande número de filiados, os diretórios do Partido Republicano Federalista nos municípios de Feira de Santana e Ilhéus.
Realizam-se eleições para a Câmara de Deputados e, também, para o preenchimento de três vagas no Senado Estadual, devido ao afastamento de Joaquim Rodrigues Lima e falecimento dos senadores Estêvão Vaz Ferreira e Luiz Antônio Barbosa de Almeida. Apesar das notícias tranquilizadoras sobre o andamento das eleições no interior do estado, registram-se tumultos sem maior gravidade no distrito de Santa Ana, durante o processo de apuração, provocados por eleitores do Partido Nacional.
Em reunião presidida por João Pessoa de Brito, operários escolhem os delegados baianos que representarão a classe no Congresso Operário Nacional, a ser realizado na capital do país, levando os seguintes pontos a serem discutidos jornada de trabalho de 8 horas diárias, criação de bancos com ações de pequeno valor, sendo acionistas os operários, criação de um jornal operário em cada estado, a fim de que o operário seja melhor esclarecido sobre os seus direitos, criação de escolas profissionais em todas as cidades, quer pelo governo, quer pela iniciativa particular, para aperfeiçoamento do trabalhador, criação de uma caixa de socorros mútuos para operários que se invalidarem no trabalho, neutralidade completa em tudo que possa implicar em responsabilidade política.
Com a reorganização do estado, tornam-se inevitáveis os conflitos com os novos donos do poder. Um incidente ocorrido na feira de Chorrochó ilustra a situação explosiva do sertão. Todo vendedor devia pagar um imposto para expor seus produtos, além de outro tributo para pesar e vender mercadorias. Os fiscais extorquiam o máximo dos sertanejos e chegaram a tentar cobrar cem réis de uma mulher pela porção de terreno onde exporia uma esteira, que tentava vender por oitenta. Uma noite, em suas prédicas, Antônio Conselheiro, que se encontrava em Chorrochó, recordou o fato, que tinha causado grande revolta entre os feirantes: “Eis aí a República, o cativeiro, trabalhar somente para o governo. É a escravidão anunciada pelos mapas que começa. Não viram a tia Benta (a vendedora da esteira)? É religiosa e branca, portanto a escravidão não respeita ninguém”.
“Que o sertanejo d’agora
aprenda a rude lição:
sem atacar não se vence!
O céu do cabra é o sertão!
Sem luta não se conquista
nem sete palmos de chão!…”
(Jose Falcón Canudos, Guerra Santa no Sertão.)
O governo do estado publica a lei no 15, que determina a criação de um Instituto da Ordem dos Advogados “para os fins principais da cultura das letras jurídicas e com especialidade da jurisprudência nacional, do direito processual, administrativo e constitucional da competência do estado, o incremento do espírito profissional e disciplina da classe”.
Morre, na capital federal, o marechal Manuel Deodoro da Fonseca, um dos fundadores da República do Brasil.
Numa das principais praças da cidade de Juazeiro é inaugurada a Santa Casa de Misericórdia. Trata-se de associação pia, fundada graças aos esforços do seu provedor, dr. José Ignácio da Silva.
Por parte das comemorações pela passagem do 3º aniversário da República, o tenente-coronel Hermes Rodrigues da Fonseca, inspetor do Arsenal de Guerra, organiza exposição de artigos manufaturados naquele estabelecimento, com visita franqueada ao público.
Lançada sondagem de opinião pública para decidir-se que praça reúne melhores condições para instalação do monumento ao Dois de Julho. As simpatias recaem sobre a Praça Duque de Caxias, “vulgarmente conhecida como Campo Grande”.
O técnico Frederico Hope encaminha ao Conselho Municipal projeto de iluminação a gás carbônico.
A terra treme forte em Valença, com duração de dois segundos, assustando a população.
Instala-se na rua Carlos Gomes grande fábrica de café moído, denominada “Todos os Santos”.

Câmara Municipal de Salvador