Governadores:
João Ferreira de Araújo Pinho
Presidentes da Assembleia Geral:
Leopoldino Tantu
Manoel Leôncio Galvão
Presidente do Tribunal de Justiça:
Bráulio Xavier da Silva Pereira
Rui Barbosa, candidato civilista, disputa com o marechal Hermes da Fonseca, candidato governista, a sucessão presidencial.
O jornal A Gazeta do Povo relata publicação do Jornal do Comércio de Juiz de Fora, no qual são desferidas críticas severas ao comportamento de Rui Barbosa, acusando-o de “desastrado administrador, quando ministro do governo provisório, levando o país à quase falência total; de não patriota, colocando seus interesses pessoais acima dos interesses da República; de desonesto, pela atitude extrema de defender duas causas adversas ao mesmo tempo, quando advogado, cobrando honorários de ambas as partes”.
J.J. Seabra instala a Junta Republicana na Bahia, em apoio à candidatura do marechal Hermes da Fonseca à Presidência da República, tendo como vice Wenceslau Brás, tornando aí clara sua posição de independência em relação ao senador Severino Vieira, que também apoia a candidatura do marechal.
O conselheiro Luiz Viana alia-se ao deputado J.J. Seabra em apoio à candidatura do marechal Hermes da Fonseca.
O governador da Bahia, Araújo Pinho, em mensagem à Assembleia Geral do Estado, enfatiza a importância da celebração de um acordo comercial que regule as relações do comércio entre a Bahia e os estados de Minas Gerais, Pernambuco e Piauí, para que haja estabilização da economia baiana, sugerindo, ainda, a necessidade de um maior desenvolvimento da navegação entre esses estados, através do rio São Francisco.
Incidente no município de Castro Alves: indivíduos tidos como civilistas depõem de forma violenta o intendente municipal, Arthur Moreira. A tomada da intendência ocorreu quando Raphael Jambeiro, liderando o que a imprensa qualifica como “uma malta de jagunços”, cercou a casa do intendente, ameaçando-o de morte caso não deixasse o cargo.
Terrível seca assola o sertão baiano. Conclama-se o presidente da República, Nilo Peçanha, a proceder à realização de obras contra a seca, comprometendo-se o presidente a realizar abertura de crédito para execução de tais obras.
É deflagrada greve dos empregados da Cia. Viação Geral da Bahia, em luta por redução da jornada de trabalho, uma vez que chegam a trabalhar até dez horas por dia sem dispor de uma folga sequer no mês, pleiteando, também, melhor remuneração.
Eureka?! Pois não conheciam a energia dos kagados. Jornal da Bahia, 3 de novembro de 1908
O governo federal, na tentativa de intermediar as negociações com os empregados da Cia. Viação Geral da Bahia, assume o compromisso de realizar um exame minucioso da questão, assim que os trabalhadores voltem ao trabalho, restabelecendo-se a calma nas zonas conflagradas. O jornal Gazeta do Povo, posicionando-se francamente contra a greve, acusa os grevistas por destruição de propriedade nacional, incêndio de pontes e outras danificações. Os grevistas alcançam algumas vitórias, como gratificação trimestral para todos os funcionários, equivalente a quinze dias de salário; quinze dias de férias anuais, sem prejuízo dos vencimentos; três meses de licença com vencimentos integrais aos doentes; passagens gerais gratuitas, em todos os trens, para os funcionários e suas famílias. Duas novas greves ainda eclodiriam entre empregados da empresa: na primeira, respondendo a um telegrama do ministro da Viação, os grevistas informam que “a greve recomeçou devido, entre outras coisas, à má fé dos empresários nos contratos estabelecidos, demissões injustas etc.”. A suspensão das emissões é exigida. Na greve seguinte, em dezembro, a Associação Comercial solicita, por telegrama, a intervenção do presidente da República, “com a ocupação temporária das estradas para normalizar a situação”. Ao final, algumas outras exigências dos grevistas são atendidas, pondo fim definitivamente ao movimento.
Um padre da cidade de Alagoinhas, por apoiar o movimento grevista, é apelidado de “Satanás” pela Gazeta do Povo, que denomina, ainda, a greve como “movimento criminoso”.
Os funcionários da Light (companhia de bondes) também entram em greve, com diversas exigências, entre as quais redução da jornada de trabalho, demissão de Macedo Costa, um dos chefes, pagamento integral dos vencimentos aos empregados que adoecerem em trabalho e dissolução da caixa de socorros, sendo seu fundo distribuído com os empregados contribuintes.
Elevados índices de mortalidade infantil são registrados no estado, tendo como causas principais as moléstias gastrointestinais.
Em Vila Bela dos Palmares, no sertão baiano, tem sido frequente a ocorrência de selvagerias e barbaridades praticados por um bando de criminosos e desordeiros, que efetuam saques nas casas comerciais e espancam as pessoas. Representantes comerciais da cidade clamam por providências urgentes do governo estadual.
Os péssimos serviços prestados à população pelos bondes da Light acabam prejudicando os festejos do Bonfim. A imprensa repudia de forma veemente os acidentes que ocorrem na cidade, provocados pelos bondes.
O Carnaval de Salvador conta com a apresentação de diversas entidades, entre elas Pândegos da Atualidade, Maestros e Maestrinas e Charanga do Capital Frio. Chama a atenção o esmero das fantasias do Cordão das Costureiras, formado por mais de 50 mulheres que exercem tal profissão. São instaladas barracas na Praça Castro Alves. As bandas de música do 1º e 3º Corpos de Polícia se apresentam no coreto da Praça 13 de Maio e na Praça do Conselho. O Politeama Baiano organiza quatro bailes noturnos e deixa em disponibilidade um guarda-roupa com grande número de fantasias. Os grandes clubes – Fantoches da Euterpe, que mandou buscar tecidos na Itália, Inocentes em Progresso e Cruz Vermelha – realizam um desfile espetacular.
Inaugura-se o Cinema Bahia, na casa nº 1 da rua Chile, apresentando cinco ou seis filmes em cada sessão, como fazem os cinematógrafos itinerantes. Com a introdução de dramas teatrais filmados e trechos de ópera em sua programação, o Cinema Bahia atrai o público seleto do Politeama Baiano, esvaziando as temporadas cênicas.