Governador:
José Joaquim Seabra
Presidentes da Assembleia Geral:
Francisco Moniz
Eugênio Gonçalves Tourinho
Presidente do Tribunal de Justiça:
Bráulio Xavier da Silva Pereira
São criados os municípios de Rui Barbosa e Saúde.
Instalam-se os trabalhos legislativos baianos, em sessão em que muito se fala sobre a crise mundial e a conflagração da Primeira Guerra, chegando-se à compreensão dos fatores que levaram ao conflito, todos eles em profunda ligação com o crescimento industrial e a competição imperialista entre as potências europeias. O antagonismo austro-sérvio, consubstanciado no chamado incidente de Sarajevo, quando o herdeiro do trono austríaco foi assassinado em junho, deu início à guerra, que se tornou mundial.

Notícias do Rio de Janeiro dão conta de que, na Câmara Federal, o deputado baiano Pedro Lago profere discursos sistemáticos contra o governo J.J. Seabra.
J.J. Seabra, governador da Bahia, ameaça de violência física o redator do jornal O Estado, por criticar seu governo. O jornal Diário da Bahia protesta, em solidariedade.
Os funcionários da Rede de Viação da Bahia entram em greve após sete meses de atraso no pagamento dos seus salários.
A população de Pedra Branca [Itapebi] exige do Senado providências contra o intendente local, que pretende “açambarcar para si os terrenos de um arraial”.
A maioria dos deputados assina o projeto de criação da Escola Politécnica da Bahia.
Comerciantes da região do Paraguaçu solicitam intervenção do governo federal, diante de fato que entendem como lesivo aos seus negócios: estagnação do projeto de drenagem do rio, depois que políticos se apossaram do projeto, com dissipação das verbas públicas.
Como crítica à remodelação da rua Chile pelo intendente Júlio Brandão, populares colocam naquela via pública, durante dois meses, um jumento faminto que solta zurros ferozes, como meio de chamar a atenção do intendente para a sua “maravilhosa obra de arte”.
O Banco Econômico denuncia o desvio de verba pública municipal pelo intendente de Salvador, Júlio Brandão. Após auditoria nas contas públicas, os peritos apresentam relatório ao juiz Lucatelli Dórea, responsabilizando Júlio Brandão pelo desvio de 670 contos do empréstimo oficial junto ao Banco Econômico.
O chefe da Cura da Sé, Álvaro Cova, ameaça deixar o cargo se o governador Seabra não tomar medidas drásticas contra o intendente Júlio Brandão, denunciado como corrupto.
Funcionários do estado expõem a sua situação de penúria. Com salários em atraso por meses, promovem manifestações populares e se aglomeram às portas do Palácio Rio Branco.
Por conta de atraso dos seus salários, os operários das oficinas da Navegação Baiana fazem greve parcial. Diante disso, o governador acena com o pagamento de quinze dias, o que é rejeitado pelos grevistas, que mantêm a paralisação.
Depósitos da intendência municipal de Salvador são transformados em fábrica de adobes, por funcionários do município, para dela retirarem o sustento em virtude do atraso de seus salários.
A fim de minorar a crise, passa a vigorar lei municipal reduzindo a passagem do bonde (transporte coletivo).
Trabalhadores de limpeza da cidade, juntamente com motoristas de caminhão, fazem greve e suspendem a coleta de lixo do comércio.
O Supremo Tribunal comprova o desvio de verbas públicas para a conta do intendente Júlio Brandão. O mesmo é afastado do cargo, sendo substituído por Otaviano Moniz, indicado pelo Conselho Municipal.
Conflito sangrento entre populares resulta em morte de dois policiais e ferimentos em civis, por ocasião da sessão do Conselho Municipal instalada para afastar do cargo o intendente Júlio Brandão.
Matéria veiculada pela imprensa mostra detalhes das instalações da fábrica de tecelagem na Boa Viagem (em Cidade Baixa), chamando a atenção para a superioridade da presença feminina entre homens e crianças.
A Inglaterra manifesta suspeita de que a Bahia fornece carvão para Alemanha, fazendo o tráfico em navios de vela, certamente sem o conhecimento do estado. Segundo, ainda, essa suspeita, nos depósitos de carvão do Porto da Bahia, as exigências são de cobrar dos ingleses 25 shillings por tonelada, enquanto os alemães pagariam 15.
Empregados da Seção de Águas da Bolandeira decretam greve, em virtude do atraso dos seus salários, uma decorrência dos atos corruptos do intendente Júlio Brandão. A cidade fica ameaçada de falta de água.
O estado assume o serviço de água, que era municipal, tomando providências técnicas e resolvendo de vez a questão dos atrasos salariais. Passa para a administração do estado, também, o asseio da cidade, cabendo ao governo arrecadar a renda, custear os serviços, pagar o pessoal e as contas.

Prática comum na época: negros serviam de transporte para os brancos.
Por conta das chuvas e da lama que toma conta da rua da Alfândega, artéria de grande movimento, dificultando sua travessia, surge um novo transporte humano, o costado, que, como o nome indica, consiste em negros carregadores, em trajes de banho, fazerem o carreto de pessoas nas costas para atravessar a rua, por preço acessível.
A cidade aplaude o ato do governador, nomeando o professor Pirajá da Silva para o Ginásio da Bahia, ele que já se consagrara na Patologia Tropical com a descoberta, no Brasil, do Schistosoma mansoni, verme causador da esquistossomose.
O dr. Martagão Gesteira se habilita à vaga de professor extraordinário de Clínica Pediátrica Médica na Faculdade de Medicina, com a apresentação de duas obras: Semiótica do aparelho respiratório e Um caso de displasia periostal.
Gonçalo Moniz, tão logo assume o cargo de diretor da Saúde Pública do estado, institui multa contra estabelecimentos que não possuírem sanitários.
A Saúde Pública inicia campanha para exterminar moscas e mosquitos da cidade, utilizando o fumigador, que faz a desinfecção por meio de vapores de creolina, considerados menos tóxicos do que os de enxofre.
A população fica indignada com a expulsão de enfermos e mendigos do Hospital Santa Isabel, em Salvador. O provedor vem a público justificar a medida extrema, tomada em decorrência de o estado não repassar recursos para o hospital por mais de um ano.
O Dispensário de Tuberculosos desvia-se do seu projeto e se transforma em hospedaria, no Campo da Pólvora, em Salvador.
A imprensa denuncia a falta de higiene na feira que circunda o Mercado Modelo, com frutas e legumes podres jogados nos passeios.
Registra-se grande afluência de loucos no bairro comercial, com ameaças “à moral e à segurança do local”.
Recomeçam os trabalhos de remodelação da Barra e a construção da avenida Sete de Setembro.
Índios botocudos do Rancho de Palha vão ao Palácio Rio Branco para reclamar das perseguições que sofrem e da tomada de suas terras pelos “coronéis”.
Instala-se o Tribunal do Júri para julgamento, muito esperado pela sociedade, dos chamados “assassinos do Caminho Novo”, conflito sangrento verificado no ano anterior, quando se defrontaram o chefe dos estivadores e a Sociedade “União dos Estivadores”.
Instala-se o telégrafo sem fios nos navios da Linha Costeira da Navegação Baiana.
É fundado o Esporte Futebol Periperi.
Chega à Bahia o vapor Cachoeira, da nova frota encomendada para a navegação do Recôncavo.
É inventado na Bahia, por Agretêncio de Andrade, um piano com cepo de ferro, evitando-se, assim, a ação de cupins, muito comum em cepo de madeira. Garante o inventor que o novo cepo aumenta a sonoridade e diminui a mão de obra.


Cenas urbanas, Salvador. Porto da Barra, Rio Vermelho e Cine-Teatro Politeama.