Bahia de Todos os Fatos

...1910 - 1919...

Cosme de Farias cria a liga baiana contra o analfabetismo

Governadores:
José Joaquim Seabra
Antônio Ferrão Moniz de Aragão
Presidente da Assembleia Geral:
Frederico Costa
Presidente do Tribunal de Justiça:
Bráulio Xavier da Silva Pereira

É criado o município de Caetité.
A Assembleia Geral do estado reconhece e proclama Antônio Moniz Ferrão de Aragão governador da Bahia, para o quadriênio 1916 a 1920, com o subsequente ato de posse.

O secretário da Agricultura, Pedreira Franco, promove conferência no Palacete das Mercês, sobre a cultura do algodão na Bahia, para a qual convida os diretores de fábricas de tecidos, diretoria da Associação Comercial e pessoas interessadas em questões agrícolas.

Governador Antônio Ferrão Moniz de Aragão

 

Lemos de Brito elabora projeto para a cultura do algodão, a ser votado no Congresso. Diz o artigo 1º.: “Fica o governo autorizado: a ceder gratuitamente por cinco anos aos lavradores de algodão, nacionais ou estrangeiros ou a quem pretender fundar núcleos coloniais para a mesma cultura, lotes de terras devolutas pertencentes ao estado, devendo, depois desse tempo, Ihes ser passado o título definitivo; não sendo, porém, a cultura estabelecida nesse prazo e convenientemente mantida, voltarão os lotes ao domínio do estado; a fomentar por todos os meios o seu plantio, principalmente a distribuição de sementes etc.”.

É fundado o Centro Industrial do Algodão, cujos fins, constantes dos seus
estatutos, são de amparar, proteger e desenvolver a cultura algodoeira, prestigiando e auxiliando todo aquele que, por meios práticos e eficientes, concorra para o contínuo levantamento da lavoura e dos serviços correlatos.

O governo federal transfere a responsabilidade da Escola Agrícola de São Bento das Lages (futura Escola de Agronomia de Cruz das Almas), alegando não ter recursos para custeá-la, para o estado da Bahia, que pretende transformá-la de escola superior de agricultura em escola média, com o anexo de aprendizado agrícola.

Surge o primeiro caso de peste negra na Bahia, precisamente na rua do Desterro, em Salvador. Vapores se recusam a ancorar nas docas, devido à suspeita de proliferação da moléstia, o que vem prejudicando o comércio baiano.

Diversos casos de impaludismo são notificados em Salvador, cobrando-se providências urgentes por parte da Secretaria de Saúde Pública. 

A população de Juazeiro clama por providências das autoridades sanitárias do estado no combate à peste negra, que se alastra naquele município.

O Vale do São Francisco reclama com urgência maior atenção do estado, no que diz respeito ao transporte, já que os vapores que navegam pelo rio se encontram em péssimas condições, completamente abandonados.

A Estrada de Ferro de Nazaré tem proporcionado o povoamento da região, consequentemente impulsionando as lavouras de fumo e café, contribuindo para o equilíbrio financeiro da Bahia.

“O meu boi morreu
Que será da vaca?
Seu Pacheco Mendes
Está de urucubaca
O meu boi morreu
Quem foi que matou?
Foi a comitiva
Do governador
O meu boi morreu
Eu não fico aqui
Seu Pacheco Mendes
Está com Birigui”

(Bráz Coió. Versos cantados por um grupo de mascarados no Carnaval)

Jazidas de ferro são descobertas no município de Maragogipe, evidenciando a realidade das riquezas minerais da Bahia, o que não é uma suposição ou simples dedução teórica.

Greve nos transportes. Operários da Linha Municipal paralisam suas atividades reclamando o pagamento de seus vencimentos em atraso. 

Em Itabuna é inaugurada a iluminação elétrica, na presença de autoridades, imprensa e grande número de pessoas.

É reinaugurado festivamente, com a presença de várias autoridades, o Plano Inclinado do Pilar, em Salvador, com bondes especiais.

A Bahia sedia o V Congresso Brasileiro de Geografia, sob os auspícios do governo do estado e do Instituto Geográfico e Histórico, contando com a presença de ilustres intelectuais brasileiros, trazendo-nos benefícios relevantes, entre eles a campanha contra o analfabetismo, questão levantada pelo dr. Theodoro Sampaio. Na instalação foi realizada uma exposição de produtos agrícolas baianos.

É realizada no salão nobre do Grêmio Literário a cerimônia de instalação da Liga Baiana Contra o Analfabetismo, iniciativa do major Cosme de Farias. A partir de então, a Liga passa a exercer atividades importantes, tais como a inauguração da primeira escola pública destinada à educação de adultos e a adoção de providências para a uniformização do livro didático, no sentido de melhorar o nível de ensino. Engajando-se à campanha, o Colégio Ipiranga inicia matrícula gratuita para analfabetos.

O major Cosme de Farias, na qualidade de secretário da Liga Baiana Contra o Analfabetismo, empenha-se para fazer com que a casa onde nasceu o grande jurisconsulto Teixeira de Freitas, na cidade de Cachoeira, seja adquirida pela municipalidade, com o auxílio do povo, para nela funcionar um grupo escolar. Também são enviados esforços junto ao secretário da polícia, objetivando que o ensino primário na penitenciária do estado seja obrigatório, pois tem-se conhecimento da existência de mais de 140 presos que não sabem ler, o que lhes tira possibilidades futuras de refazer a vida em liberdade.

É fundada na sede da Sociedade Beneficente dos Cabeleireiros, na Sé, a Escola Primária Desembargador Bráulio Xavier, gratuita e popular, destinada aos vendedores de jornais.

Espanhóis e portugueses abandonam esposas em seus países de origem e tentam casar-se na Bahia, muitas vezes raptando as mulheres, provocando a ação da polícia.
É inaugurado o Relógio de São Pedro, na avenida Sete de Setembro.
O serviço telefônico na cidade de Salvador, apesar de caro, é ineficaz. As irregularidades nos serviços de comunicação deixam a população indignada.

Organiza-se a Cruz Vermelha baiana, com a criação de duas comissões para os trabalhos dessa instituição, uma de senhoras, outra de cavalheiros.

Manoel Querino lança o livro A Bahia de outrora, retratando quase um século da cultura baiana, os seus costumes, hábitos e tradições.

É inaugurado o Cinema Vênus, situado na rua Carlos Gomes. Enquanto isso, o Cinema Olímpia (ex-Paz e Amor e ex-Íris) passa a oferecer “sessões só para homens”, com espetáculos de strip-tease no intervalo dos filmes, o que provoca a intervenção da polícia para dar fim “à pouca vergonha que estava levando às sessões centenas de velhos desocupados”.

O Carnaval sente os reflexos da crise e é considerado um dos mais desanimados dos últimos tempos.

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