Governador:
Antônio Ferrão Moniz de Aragão
Presidente da Assembleia Geral:
Frederico Costa
Presidente do Tribunal de Justiça:
Bráulio Xavier da Silva Pereira
Rodrigues Alves, reeleito presidente da República, morre vitimado pela gripe espanhola e não chega a tomar posse. Epitácio Pessoa é escolhido candidato da situação à Presidência da República, contando com o apoio de Seabra na Bahia. Rui Barbosa, candidato pela oposição, visita a Bahia promovendo a mesma campanha civilista de 1910, mas já com menos entusiasmo.
O governo é acusado de mandar assassinar covardemente os líderes da oposição baiana, em comício convocado pela imprensa no Largo do Palácio, em prol da candidatura de Rui Barbosa. Saem feridos, entre outros, Simões Filho, Medeiros Neto e Lopes Bittencourt, registrando-se, ainda, a morte de um popular. A Tarde protesta com manchetes: “Caim saciou-se, ontem, no sangue do fratricídio”; “A evangelização na praça pública da candidatura do maior dos brasileiros, os srs. Seabra e Moniz responderam com a chacina do Povo”.
A irreverência popular registra a candidatura de Rui à Presidência:
O Mister Franco Pedreira
Que pedras joga mil
Diz que só quando for freira
Gerirá Rui o Brasil (…).
As eleições se realizam em 12 de abril. Epitácio Pessoa é eleito presidente da República e empossado. Seabra estranha o fato de não ser escolhido nenhum de seus aliados políticos para ocupar o cargo de ministro, o que o leva a distanciar-se do presidente.
Aproxima-se a sucessão governamental. A oposição cresce e se mobiliza, na tentativa de impedir a volta de J.J. Seabra ao governo do estado. Suspeita-se de haver acordo pessoal entre ele e o então governador Antônio Moniz para se perpetuarem no poder. Rui Barbosa lidera a campanha oposicionista, assumindo a linha de frente pessoalmente, e, com o candidato da oposição, Paulo Fontes, visita várias cidades do interior, incitando os coronéis a se rebelarem contra o governo do estado, contando com o apoio do coronel Horácio de Matos, entre outros.
A campanha para a sucessão governamental é ferrenha, e a eleição uma das mais violentas registradas no Brasil. A oposição tem plena consciência da derrota que, mesmo não ocorrendo no pleito, fatalmente viria a acontecer quando da verificação dos resultados pelo Legislativo e Executivo do estado, onde Seabra conta com a maioria. A única saída para a oposição é provocar a desordem social, proporcionando um clima para intervenção federal.
As eleições para governador do estado são realizadas em 29 de dezembro, e, assim que os votos vão sendo apurados, ambos os candidatos se proclamam vencedores. No interior, as revoltas se propagam e assumem proporções maiores.
A cidade do Salvador encontra-se desgovernada. Os serviços públicos estão um caos: água, asseio, viação, luz e policiamento, nada funciona. A falta de água atinge também o Palácio da Aclamação, que é abastecido por carros do Corpo de Bombeiros, enquanto a população fica a disputar um pouco do precioso líquido através dos orifícios da mangueira que conduz a água até os tanques do palácio.
Operários da indústria têxtil do estado deflagram greve, num momento histórico marcado por contínuas e incessantes lutas dos trabalhadores contra as péssimas condições de trabalho. Os grevistas cobram o cumprimento de acordos já estabelecidos em greves anteriores, reivindicando, ainda, entre outras coisas, o pagamento de salários atrasados, aumento de 20% nas empreitadas, redução da jornada de trabalho para oito horas, igualdade de salários entre homens e mulheres e manutenção do emprego após a greve, sem a aplicação de outras penalidades. A greve acaba após sete dias, com algumas conquistas dos operários e após o endurecimento da repressão, que usa de violência contra a formação de piquetes.
Grande número de operários adere aos movimentos grevistas na Bahia, chegando a atingir os serviços essenciais, e a cidade do Salvador é praticamente paralisada. A Associação Comercial se empenha em intermediar as negociações entre operários, patrões e governo do estado.
O governador Antônio Moniz promulga a Lei no 1.309, que determina em seu artigo único: “É fixado em oito horas o dia de trabalho para todos os estabelecimentos industriais e oficinas pertencentes ao estado, ou por ele subvencionados, revogadas as disposições em contrário”. Rui Barbosa reage indignado: “O governo aqui inspira, estima e acoberta as greves, as ameaças de saques, os esboços de mazorca, as encenações do comunismo”.

Anúncio da época
Simões Filho, candidato à intendência do município de Salvador, busca obter junto ao Supremo Tribunal garantias legais para o exercício do voto pelo eleitorado da capital, não previsto pela Lei Orgânica dos Municípios. O povo responde com o sufrágio do seu nome nas urnas. Mas o Supremo Tribunal declara a eleição inconstitucional.
Comerciantes de Salvador, descontentes com o aumento de 30% nos fretes de cabotagem estabelecido pela Lloyd Brasileiro, pedem sua revogação e solicitam que a Associação Comercial cobre providências dos seus representantes no Congresso Nacional.
Os lavradores de cacau de Ilhéus estão animados com a alta do preço do produto. No entanto, em decorrência da falta de segurança na região, ocorrem constantes ataques de bandidos, o que afasta os trabalhadores e torna escassa a mão de obra.
O presidente da Associação dos Agricultores do Cacau solicita ao ministro da Agricultura providências no sentido de promover-se a imigração dos flagelados da seca do estado do Ceará para Ilhéus, onde faltam braços para a lavoura.
O governador Antônio Moniz é impedido pelo Conselho Superior de Educação de nomear professores não concursados.
São publicadas as normas para a realização de obras de combate à seca (abertura de açudes) na região Nordeste. Fica estabelecido o uso de mão de obra local, só se permitindo a utilização de trabalhadores de outras áreas caso haja insuficiência na de mão de obra no município.
A Federação das Associações Comerciais do Brasil e a direção da Associação Comercial da Bahia expedem telegrama para a Associação de Recife: “O comércio reclama a essa Associação pelo fato dos vapores do Lloyd e Costeira escusarem-se a receber aí carga para a Bahia, com pretexto de ser porto sujo. Tal medida de extremo rigor é injustificável, ante o fato da situação sanitária da Bahia ser similar à de Recife, onde não se aplica semelhante medida”.

Palácio Rio Branco, Salvador.
A cidade do Salvador encontra-se abarrotada de mendigos e doentes mentais vagando pelas ruas. O Asilo de São João de Deus vive abandonado e o Hospital Santa Isabel está sempre lotado, enquanto o governo se mantém indiferente.
O governo federal envia à Bahia uma comissão sanitária da Saúde Pública do Rio de Janeiro com experiência no combate à febre amarela, enfermidade que prolifera no estado. É criado o Serviço de Vigilância Sanitária.
A Diretoria da Saúde Pública, na tentativa de impedir uma epidemia de varíola no município de Salvador, solicita aos diretores de colégios particulares, comerciantes, empreiteiros de obras, administradores de estabelecimentos industriais e outros que só admitam alunos, empregados ou operários mediante a apresentação do atestado de vacina contra a doença.
É noticiado pela imprensa que os governos dos Estados Unidos, França e Inglaterra, agindo de comum acordo, deliberaram pela suspensão provisória de todas as viagens de seus navios ao porto de Salvador, a fim de evitar o contágio da febre amarela.
É dispensado o exame de latim para os candidatos à matrícula no curso de Engenharia da Escola Politécnica.
Com ameaças de prisão e aplicação de castigos em caso de desobediência, o governador Antônio Moniz proíbe o uso de máscaras no Carnaval, sobretudo as de anjinho com verruga no rosto, que sugerem a sua imagem.
É inaugurado o Museu do estado, onde serão colocados os registros dos primeiros tempos da fundação da cidade da Bahia, simbolizada por Diogo Álvares, o Caramuru.
É realizada no Cemitério do Campo Santo, em Salvador, manifestação de protesto contra a elevação dos preços das covas. Outra manifestação protesta contra o preço elevado da carne verde, considerada, ainda, de péssima qualidade.
A imprensa condena os banhos de cavalos e cachorros na praia do Rio Vermelho, no mesmo horário de frequência dos banhistas.

Terreiro de Jesus, Salvador.