Governador:
Francisco Marques de Góes Calmon
Presidente da Assembleia Geral:
Frederico Costa
Presidente do Tribunal de Justiça:
Pedro Ribeiro de Araújo Bittencourt
São criados mais três municípios: Uauá, Conceição de Feira e São Sebastião do Passé.
Os delegados à convenção nacional, em manifesto publicado no Diário Oficial do estado, recomendam o sufrágio do eleitorado baiano aos nomes de Washington Luís e Fernando de Mello, candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República.
Em visita à Bahia, o futuro presidente da República para o quadriênio 1926-1930, Washington Luís, discursa no Palácio da Aclamação, ressaltando que “a política de governar não é a arte de agradar ou de perseguir e, sim, de administrar, de fazer, de transformar as possibilidades em realizações úteis, com o respeito das liberdades públicas e dos direitos individuais.
Deslocando-se rapidamente de um ponto para outro, a Coluna Prestes evita entrar em choque com as forças militares que marcham à sua procura pelo interior do estado. O general Diógenes Monteiro chega à Bahia chefiando forças do Exército para combater os rebeldes na cidade de Juazeiro. Prestes alimentava a esperança de contar com o apoio do coronel Horácio de Matos, porém este se coloca contra a marcha e organiza batalhões de sertanejos para combatê-la.
É apreendido em Ilhéus um contrabando de armas, vindo do Rio de Janeiro, constando de 19 caixotes com 400 revólveres e 70 mil cartuchos, além de armas de caça.

Edifício do Senado. Praça da Piedade, Salvador.
Em resposta à solicitação, em versos, da receita do vatapá com o qual encantara primo carioca em visita a Salvador, senhorinha da sociedade baiana, respeitando a mesma linguagem, assim o atendeu:
“Aqui tens a resposta que me pedes:
Bem socada a farinha, e peneirada,
Vai à panela com bastante água,
Sal e cebola, uma cebola apenas.
Em rosca unha os camarões descasca
– Camarões secos, nota bem, não frescos;
Pisa-os em pedra ou num pilão pequeno
E alguns inteiros deixarás de parte.
Misture tudo. Deita-lhe pimenta,
Que a boquinha te faça ardente e rubra
Mexe sempre a panela – não descanses.
Fogo brando, senão pega no fundo.
E, queimando-se, adeus às encomendas.
Se ficar muito grosso, deita-lhe água.
Se ralo, engrossarás com mais farinha.
Colher de pau de seis vinténs, barata,
A preferência deve ter no caso;
Quando no meio da fervura esteja,
Prova a panela e vê o que lhe falta,
Junta-lhe azeite de dendê à larga,
Desse bem fino que a Bahia exporta,
Até corar-se de amarelo a massa
Que fique bem cozida e, desse modo,
Perderá todo o gosto da farinha.
Quando pronto estiver, deita-o num prato.
E ainda uma vez lhe pinga o fino azeite.
Dou por finda a tarefa: estou contente.
Não quero pantheons, dispenso glórias;
O que viso é bem pouco: peço apenas
Que te lembres de mim todas as vezes
Que o delicioso vatapá comeres.”
É assinado convênio entre os estados do Espírito Santo e Bahia, definindo limites territoriais, terminado, assim, com uma velha pendência existente entre as duas unidades da Federação. O mapa da Bahia não foi diminuído.
A presença de uma mulher, na função de datilógrafa na Secretaria da Intendência, traz alegria e descontração ao ambiente de trabalho.
O Tribunal de Contas considera ilegal o pagamento da taxa de lixo pela população de Salvador, transferindo a responsabilidade para o Conselho Municipal. Apesar de não ser um fato novo, o lixo invade a cidade, causando um aspecto desagradável.
Professores do município de Salvador, com vencimentos atrasados em mais de 60 meses, rejeitam a proposta do intendente interino, Elói Jorge, de receber com um abatimento de 50%.
Do grupo político que faz oposição ao governo do estado, surge um novo diário político, O Jornal, sob a direção dos senadores Moniz Sodré e Antônio Moniz.
Góes Calmon, governador do estado, recusa a imortalidade. Eleito para a Academia de Letras da Bahia, declina a honraria, alegando não ter dedicado seu espírito ao convívio constante das Letras.
O arcebispo da Bahia, dom Augusto, dirige circular aos vigários, ordenando-os a promover reuniões populares, nas igrejas ou nas praças públicas, com discursos e doutrinações contra o mal do divórcio, tema em discussão no Congresso Nacional. A circular aconselha a transmissão de telegramas de protesto ao presidente da República, ao Senado e à Câmara, contendo assinaturas de autoridades e pessoas de destaque.
A Bahia declara guerra às drogas, em especial à cocaína, consumida em grande quantidade pelas meretrizes e frequentadores dos cabarés, pensões e cafés da cidade do Salvador.
É instalada na Associação Comercial a Bolsa de Mercadorias da Bahia, velha aspiração do comércio.
A cultura do fumo continua sendo um dos esteios da atividade agrícola do estado. Em São Félix, fabricam-se charutos de qualidade, exportados para a Alemanha, Holanda e Argentina.
Morre a ema do Passeio Público, atração daquele logradouro. No seu papo, encontraram 3$920, em moedas de diversos valores. Um gaiato escreve um testamento, em nome da ave: “Deixo tudo o que tenho à intendência, em usufruto. Os juros serão destinados ao pagamento do professorado.”
A segunda-feira da Ribeira corre animada como nunca. Cordões semi-carnavalescos, com cavaquinhos e violas, saem pelas ruas contagiando os apreciadores.
O autor do livro História da música brasileira, Renato de Almeida, baiano que participou da Semana de Arte Moderna de 1922, diz, em entrevista, não concordar em ser considerado “futurista”; prefere ser conhecido como “modernista”, livre para pensar e agir.
As primeiras bombas de gasolina instaladas em Salvador, uma no Rosário, outra na Praça Castro Alves, despertam a curiosidade de todos, principalmente à noite, com seu atraente foco de luz. Os motoristas criticam as “engenhocas”, denominadas registros-bombas, achando-as inapropriadas ao jeito de ser do baiano.
Após a instalação dos auto-ônibus que fazem o percurso Elevador-Ribeira, via Luís Tarquínio, o transporte de bondes fica praticamente abandonado na Cidade Baixa.
Cresce acentuadamente o número de automóveis em circulação no estado.
A devastação de nossas florestas põe em risco de extinção o pau-brasil, madeira que deu nome ao país.