Governadores:
Francisco Marques de Góes Calmon
Vital Henrique Batista Soares
Presidente da Assembleia Geral:
Frederico Costa
Presidente do Tribunal de Justiça:
Pedro Ribeiro de Araújo Bittencourt
Toma posse o novo governador, Vital Soares. Seu programa de governo prioriza o desenvolvimento das ferrovias e estradas de rodagem, a navegação e o saneamento básico.
Constituintes baianos discutem as inovações do anteprojeto da reforma da Constituição, sendo favoráveis à concessão do direito do voto à mulher.
Anísio Teixeira, educador e defensor dos ideais democráticos, publica os livros Vida e educação e Aspectos americanos da educação, e recomenda ao secretário de Instrução Pública a aquisição de 2.000 exemplares do Livro da Infância, para distribuição nas escolas públicas.
É instituído o Dia do Trabalho, feriado nacional, comemorado em 1º de maio.
Um grupo de mães da capital realiza campanha com abaixo-assinado contra a ameaça de desativação dos serviços de higiene infantil e de prevenção e controle da tuberculose, mantidos pelo governo federal.
No bairro do Tororó, em Salvador, realiza-se uma obra pública em parceria: a intendência fornece o material e os moradores custeiam a mão de obra do calçamento das ruas.
Assis Chateaubriand faz comentários sobre sua viagem à Bahia em jornais do Rio, ilustrando o artigo com fotografias. “Terra de grandes capacidades econômicas, de um vasto fomento agrícola e de regiões imensas onde tudo é fartura.”
O cacau, segundo produto brasileiro nas exportações, sofre nova crise devido à contínua queda de preço no mercado externo, ameaçando consequências desastrosas para a economia do estado e do país. Enquanto isso, a cultura do fumo vai muito bem, liderando a produção nacional.
Novidade fúnebre: surge o primeiro automóvel para enterros na capital. É realizada festa campestre com várias bandas de música no Passeio Público, com o objetivo de arrecadar fundos para construção da igreja matriz dos Mares, carente de um templo condigno.
Cresce o movimento para a criação de uma universidade na Bahia, com o apoio da Associação Brasileira da Educação.
A Escola de Belas Artes da Bahia inaugura o seu curso de Arquitetura.
É inaugurada solenemente em Salvador a “Tinturaria do Sol”, uma novidade no estado.
Os estudantes das escolas superiores da Bahia aderem ao uso da boina, tradição de origem remota.
Salvador praticamente não tem diversão noturna; apenas alguns boêmios retardatários e sistemáticos circulam pela noite. Surge o “cicle-ball”, novidade americana que consiste em bolas de madeira “chutadas” por bicicletas, direcionadas para uma chapa numerada, vencendo o jogador quem fizer maior número de pontos. Sucesso entre os jovens.
Presciliano Silva, consagrado artista plástico, pinta retrato a óleo do imortal Rui Barbosa, inaugurado no salão nobre do Conselho Municipal.
Chega da França uma bela imagem da Virgem Imaculada, que será a padroeira da matriz de Santana. A imagem tem 1,80 m e representa a Virgem derramando as suas graças sobre o mundo.
Erguidos em Ilhéus bustos em bronze de fabricação italiana, de Rio Branco e Castro Alves, em praças que têm seus nomes.
O café baiano é premiado na Exposição do Café, realizada em São Paulo, evento em comemoração ao segundo centenário da cultura dessa rubiácea.
Festa de São João. Confraternização de alegria comum que se espalha pelas pequenas e grandes cidades. Estouros de bombas, corridas de busca-pés, girândolas de foguetes. E a silenciosa melancolia do balão, alma triste e silenciosa que vagueia pelo espaço.
Um caso de longevidade e fecundidade. Morre aos 120 anos de idade o lavrador Assunção Manoel do Nascimento, nascido no município de Entre Rios. Sua esposa, Petronilla, viveu até os 96 anos. O casal teve 31 filhos…
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, adentra pela primeira vez o território baiano, desde que se tornara o temível cangaceiro. Sofrendo feroz perseguição por parte das polícias dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte, que se uniram para dar-lhe combate após a fracassada tentativa de assalto à cidade de Mossoró no ano anterior, Lampião, sem outra alternativa, com o seu bando quase dizimado, cruza o rio São Francisco com destino à Bahia em 21 de agosto de 1928, em busca de refúgio seguro onde pudesse descansar e refazer suas forças. Acompanhavam-no apenas cinco outros cangaceiros, em deplorável estado de sujeira e cansaço: seu irmão Ezequiel (Ponto Fino), o cunhado Virgínio (Moderno), Mariano, Antônio Juvenal (Mergulhão) e Luís Pedro. Aqui, o “capitão” do cangaço permaneceria em relativa paz por quase um ano, e faria grandes amigos nas pessoas de coronéis, fazendeiros, sertanejos comuns e, segundo historiadores, até um governador – Eronildes de Carvalho, interventor e posteriormente governador de Sergipe, com ele manteria relações de amizade. Aqui na Bahia conheceria também aquela que seria a sua companheira até a morte – Maria Déia de Oliveira, celebrizada com o nome de Maria Bonita.
O culto a Cosme e Damião, santos mártires da Síria, ganha a cada ano mais adeptos na capital e cidades do Recôncavo, tornando-se um exemplo maior do nosso sincretismo religioso. Identificados com os erês do candomblé, na sua festa servem-se as deliciosas comidas de santo, herança da cozinha africana, quase todas douradas pelo azeite de dendê.

Clássica foto da visita de Lampião e mais 7 cabras a Pombal, no dia 17 de dezembro de 1928.