Bahia de Todos os Fatos

...1920 - 1929...

Promulgada reforma constitucional

Governadores:
Vital Henrique Batista Soares
Presidente da Assembleia Geral:
Frederico Costa
Presidente do Tribunal de Justiça:
Pedro Ribeiro de Araújo Bittencourt

Entre as comemorações do Dois de Julho, destaque maior para a promulgação da Reforma da Constituição Baiana. A Assembleia Geral do estado reúne-se solenemente para a cerimônia, presidida por Frederico Costa.

É fundado em Salvador o Centro Político Baiano, para animar os ideais políticos e incrementar o alistamento eleitoral.

A Bahia participa da Exposição Ibero-Americana de Sevilha, na Espanha,
com variado mostruário de produtos naturais e industriais. Em destaque
uma valiosa coleção de carbonatos e diamantes das Lavras.

Sancionada lei de controle de qualidade dos produtos produzidos no estado, com a seguinte ementa: “Manda submeter a inspeção e classificação, por peritos técnicos da Bolsa de Mercadorias da Bahia, qualquer gênero de produção do estado, destinado à exportação, sob os quais emitirão certificado qualitativo de acordo com os tipos oficializados pela lei.”

O governo inglês questiona nossas importações de bebidas durante o período da lei seca. Descobriu-se por meio da Repartição de Estatística que os maiores fornecedores de bebidas para a Bahia foram França, Espanha, Suíça, Inglaterra e Portugal.

Durante a posse da diretoria do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito, o governador Vital Soares anuncia a concessão de um auxílio de 200 contos de réis para a construção do novo prédio da escola.

A Bahia ocupa o 2º lugar no mundo na produção de cacau, e 3° lugar na produção de fumo.

O flagelo da seca castiga mais uma vez o sertão e acentua o êxodo de famílias, especialmente de regiões ribeirinhas do São Francisco, com destino a São Paulo e Rio de Janeiro, em busca de trabalho.

 

Governador Vital Henrique Batista Soares

 

A meningite cérebro-espinhal recrudesce no estado, fazendo vítimas. Outras moléstias infecciosas proliferam, dizimando a população baiana e as autoridades da Secretaria de Saúde são acusadas de incompetência por não conseguir detê-las.

Movimento grevista dos operários dos armazéns de fumo de São Félix e Muritiba, pleiteando aumento de salário.

A proliferação de cartomantes e adivinhadores em Salvador é reprimida pela ação da polícia, que inicia forte campanha contra tal atividade.

Regulamento da Linha Circular de bondes da capital proíbe pessoas descalças, ou sem colarinho e gravatas, de transitarem dentro de seus veículos, designando-lhes a parte posterior dos carros.

Começa a instalação dos telefones automáticos. Muito breve, deixaremos
de ouvir: “número, faz favor”.

O professor Juliano Moreira convence os amigos a transformar os recursos que seriam gastos em homenagens à sua pessoa em um prêmio destinado ao aluno da Faculdade de Medicina que se especializar em neurologia.

É inaugurado o Núcleo de Estudos Filosóficos da Faculdade de Direito, por iniciativa do professor Edgard Sanches.

É confeccionado em Salvador, por Jônathas da Cruz Rocha, um lindo piano de estilo moderno, com ótima afinação, comparável aos dos melhores fabricantes estrangeiros.

A Bahia é fonte de inspiração no canto de artistas populares brasileiros, que a enaltecem com seus sambas e canções de sucesso. Joracy Camargo, Sinhô, Luperce Miranda, Francisco Alves, todos cantam a boa terra, como J. Nepomuceno, em “Querida Bahia”:

“Querida Bahia,
A terra do vatapá,
Quem não vai à Bahia
Não sabe amar…”

O pai de santo Casemiro da Mata Escura tem a sua festa de Cosme e Damião interrompida pela polícia, que, mesmo após tê-la autorizado, não aceita que os santos meninos sejam cultuados com atabaques e rituais de candomblé.

A cantora baiana Dagmar de Cardoso Fortes revelou-se esplêndida dando a ideia dos amores poéticos da caboclada sertaneja ao cantar para a imprensa baiana na Associação dos Empregados do Comércio.

A Indústria Cinematográfica da Bahia produz os filmes Caldas de Cipó e O Cruzador Trento na Bahia, exibidos no Cinema Liceu, como demonstração das nossas possibilidades nesta arte.

O estudante de Direito Manoel Pinto de Aguiar, que viria a desempenhar papel importante na cultura baiana a partir de 1942, como editor, funda com outros companheiros (Hélio Simões, Carvalho Filho, entre outros), a revista Arco e flecha, que situaria a Bahia no movimento modernista.

Na Bahia, o modernismo não se lançaria iconoclasta, mas conciliador. A ponto de intelectuais como Arthur de Salles, Raimundo Correa, Deraldo Dias, entre outros de feição acadêmica, terem colaborado na revista. Para melhor aval à publicação, os jovens convidam o intelectual Carlos Chiacchio para colaborador.

As pranchas circulavam pela cidade sobre trilhos. Sem saber, foram as avós do Trio Elétrico.

As pranchas circulavam pela cidade sobre trilhos. Sem saber, foram as avós do Trio Elétrico.

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