Governadores:
Vital Henrique Batista Soares
Frederico Costa
Interventores:
Major Custódio dos Reis Príncipe Jr.
Coronel Ataliba Osório
Leopoldo Afrânio Bastos do Amaral
Presidente da Assembleia Geral:
Frederico Costa
Presidente do Tribunal de Justiça:
Pedro Ribeiro de Araújo Bittencourt
O Congresso Nacional reconhece e proclama Júlio Prestes, paulista, candidato do presidente Washington Luís, e Vital Soares, baiano, respectivamente presidente e vice-presidente da República para o quatriênio 1930-1934. Vital Soares renuncia ao cargo de governador da Bahia, que é assumido por Augusto Frederico Rodrigues da Costa, presidente do Senado Estadual e seu substituto legal. A eleição, na qual saiu derrotado Getúlio Vargas, é considerada fraudulenta, e o resultado causa protestos e gera instabilidade no país. Movimento revolucionário eclode nas regiões Sul, Centro e Norte, em 3 de outubro, liderado por militares e com o apoio da classe média brasileira.
A revolução liderada por Getúlio Vargas já se propagava em outros estados da Federação, quando em Salvador ocorrem manifestações populares violentas e generalizadas, motivadas pelo aumento das tarifas de transportes e de energia elétrica. No espaço de 6 horas, são queimados 84 bondes – mais de dois terços do total e outras propriedades das companhias Linha Circular e Energia Elétrica da Bahia (garagens, oficinas e depósitos) são destruídas pela multidão, provocando prejuízos de mais de um milhão de dólares. Também o jornal A Tarde, pelo apoio prestado aos aumentos, tem a sua recém-inaugurada sede invadida e parte da sua maquinaria destruída. A turba, em correria, dirige-se depois para a Piedade, onde apedreja a Secretaria da Polícia, sendo dispersada pela força policial, resultando em quatro mortos e dezenas de feridos. O episódio ficaria conhecido como “quebra-bondes”.
O Diário Oficial publica decreto de 5 de outubro, por meio do qual o presidente Washington Luís impõe estado de sítio em todo o território nacional.
São convocados pelo Ministério da Guerra, 6a Região Militar, todos os reservistas de primeira e segunda categoria na Bahia.
O governador Frederico Costa manifesta solidariedade ao presidente da República, prestando-lhe, inclusive, apoio material para garantir a estabilidade das instituições republicanas no regime federativo. Determina a elevação do número de praças da força pública para 6.000, preenchendo-se o efetivo com voluntários. O secretário de polícia, Pedro Gordilho, recebe telegramas de solidariedade de quase todos os prefeitos do interior do estado, inclusive com o oferecimento de voluntariado a serviço da legalidade. O secretário decide proibir terminantemente em todo o estado o uso de bombas e fogos de qualquer natureza. O quartel general da 6ª RM aceita incorporação à tropa de voluntários de 17 a 30 anos para a “defesa da ordem legal”.
Na zona sertaneja da Bahia, os coronéis Franklin de Albuquerque e Horácio de Matos organizam batalhões para defender a legalidade.
Apesar de a Bahia concentrar forças de resistência e ser o último estado a se render, o apoio revolucionário se faz presente por meio de um grupo restrito de políticos e de jovens universitários, com o apoio de J.J. Seabra.
O presidente Washington Luís é deposto, e a revolução, vitoriosa. Os militares da junta governista entregam o poder a Getúlio Vargas, que assume como chefe do governo provisório. A Bahia comemora com manifestações entusiásticas a vitória da revolução, com o povo percorrendo as ruas, aclamando os nomes dos chefes revolucionários. Os lenços vermelhos, símbolo da revolução, passam a ser adornos de identificação.
O coronel Ataliba Jacinto Osório assume provisoriamente o governo do estado, e propõe-se, desde logo, a realizar uma radical reestruturação administrativa, reduzindo a apenas duas as secretarias estaduais: a Secretaria de Polícia e Segurança Pública e a Secretaria Geral do estado, que assumiria as funções executivas das outras secretarias. Mas permanece apenas seis dias no cargo, sendo nomeado em seguida o engenheiro Leopoldo Afrânio do Amaral, professor da Escola Politécnica e ligado ao grupo de J.J. Seabra.
As autoridades revolucionárias proíbem a venda de bebidas alcoólicas, ameaçando os infratores com severas punições. A população baianaacata a medida, cooperando com as autoridades para a manutenção daordem pública. A medida seria revogada poucos dias depois.
A nova administração do estado, “empenhada na tarefa de reconstrução da Bahia”, declara guerra aos áulicos e cortesãos, indivíduos sem escrúpulos e sem moralidade, cortejadores de todos os governos. Adota as seguintes medidas, entre outras: reduz para nove automóveis a frota de veículos oficiais de atendimento a autoridades; apura responsabilidades no desvio do dinheiro público e na formação de fortunas ilícitas;
promove a dissolução imediata da Assembleia (Câmara e Senado) e de todos os Conselhos Municipais baianos; dispensa todos os funcionários extranumerários e promove uma revisão criteriosa do quadro de efetivos, de acordo com a necessidade do serviço público; faz retornar aos órgãos de origem todos os funcionários em disponibilidade; regulariza o expediente nas repartições públicas, estabelecendo o horário das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 16h30; torna comissionados os chefes de serviços nas repartições; proíbe a colocação de placas de ruas e outros indícios de homenagens a pessoas vivas; nomeia comissões técnicas especiais para promoção de rigorosa devassa nas repartições do estado e nas fortunas de políticos da situação derrotada.
O governo federal faz campanha objetivando o pagamento da dívida externa. Os baianos são solidários e arrecadam donativos.
É inaugurado sistema de energia elétrica na cidade de Cachoeira. Presentes o sr. Prisco Paraíso, representando o governador Vital Soares, o senador Pedro Lago e várias outras autoridades. O alto preço cobrado pelo aluguel de bondes diminui sensivelmente o número de pranchas a desfilarem no Carnaval deste ano. As pranchas já se tornaram uma das maiores atrações do Carnaval de Salvador. Bondes sem bancos, normalmente utilizados para transporte de grandes volumes, são alugados durante o Carnaval por grupos de bairros e transformados em carros de folia, enfeitados com papel crepom e com iluminação especial. Levam orquestra própria e comportam cerca de oitenta foliões devidamente fantasiados e munidos de confetes, serpentinas e lança-perfumes. As mulheres portam sempre um pandeiro com fitas multicoloridas.
É apresentada no Cine Teatro Olímpia a peça Símbolo da pátria, em três atos cheios de heroísmo e bravura: uma glorificação a João Pessoa e Juarez Távora, pondo em destaque o “exército salvador”.
O cinema falado chega à capital, primeiro no Cine Teatro Guarani e, logo depois, no Glória e no Jandaia. As orquestras desaparecem dos cinemas, substituídas pelos discos da Casa Milano, tocados nos intervalos.
Surge a Sociedade Cinematográfica de Amadores da Bahia, instalada por Antônio Barbosa, Artur Machado e outros. Da sua lavra, exibem um documentário sobre os mais recentes eventos da vida baiana.
Inspirado na obra de Euclides da Cunha, o maestro francês Fernando Jouteux escreve ópera sobre a epopeia de Canudos, enfatizando a vida de Antônio Conselheiro.