Interventores:
Tenente Juracy Magalhães
Presidente do Tribunal de Justiça:
Pedro Ribeiro de Araújo Bittencourt
Seabra, discordando dos rumos tomados pela revolução, assume a campanha constitucionalista na Bahia, sem caráter partidário, e lança um manifesto defendendo a “constitucionalização” do país. Lidera a Liga Baiana Pró-Constituinte, trabalhando pela formação de uma frente única oposicionista, a exemplo de outros estados, com o objetivo imediato de pôr fim às interventorias e introduzir no país um regime parlamentarista.
É promulgado o Código Eleitoral, que introduz diversas inovações no sistema eleitoral brasileiro, entre as quais se destaca, além da introdução da Justiça eleitoral no país, o estabelecimento do voto universal, direto e secreto, que se constituiu numa das bandeiras da campanha da Aliança Liberal.
A polícia proíbe a realização de um comício no Terreiro de Jesus, em Salvador, promovido pela Liga Baiana Pró-Constituinte.
Cedendo a pressões, Getúlio Vargas lança manifesto à nação em grande solenidade. Assina decreto marcando para o dia 3 de maio de 1933 a data das eleições para a Assembleia Constituinte. Em pronunciamento eloquente a toda a nação, justifica sua permanência no governo: “a reconstrução política do país só se pode processar num ambiente de ordem e de serenidade”.
O interventor Juracy Magalhaes trava verdadeira guerra contra a imprensa, censurando e empastelando jornais, prendendo jornalistas, opondo-se a qualquer movimento constitucionalista no estado. Em 22 de agosto, ordena que o prédio da Faculdade de Medicina seja cercado pela polícia, e reprimida a assembleia estudantil para a organização de atos de solidariedade à revolta paulista pela recondução do país à normalidade constitucional; 514 estudantes e sete professores são presos, registrando-se, ainda, a morte de um civil.
Juracy Magalhães envia para o sul o 19° BC da Bahia e destacamentos da polícia, que irão auxiliar as forças federais na luta contra o movimento revoltoso de São Paulo, a chamada Revolução Constitucionalista.
É fundada na Bahia a Liga de Ação Social e Política (LASP), desde logo apelidada de “Liga dos Amigos de São Paulo”, que tem como patrono J.J. Seabra. Entre os fundadores, os jovens intelectuais Nestor Duarte, Luiz Viana Filho, Inocêncio Calmon e Jaime Baleeiro.
Depois de deflagrado o movimento revolucionário paulista, o número de aparelhos de rádio adquiridos no comércio pela população baiana é considerado um recorde.
O Comitê Pró-Dignidade da Bahia envia petição ao secretário de polícia de Salvador solicitando autorização para realização de um comício no cruzeiro de São Francisco (local já designado pela polícia para tais eventos), para manifestação de “estima e solidariedade ao prefeito de Salvador, sr. Pimenta da Cunha, bem como solicitar a interferência do sr. interventor federal para que a Bahia continue gozando da boa administração deste prefeito”. A petição é deferida pela polícia.
Arnaldo Pimenta da Cunha, prefeito de Salvador, não concorda com o aumento nas passagens de ônibus proposto pela companhia americana Eletric Bond & Share Company, que explora o transporte urbano, indo de encontro aos interesses do capital estrangeiro. Não suportando as pressões, pede demissão do cargo. É substituído interinamente pelo engenheiro Aurélio de Brito Menezes.
Instala-se o Tribunal Regional Eleitoral do Estado da Bahia, no edifício da antiga Câmara dos Deputados, com a responsabilidade de organizar e fiscalizar o processo eleitoral, assim como julgar os recursos.
A seca ameaça as lavouras do estado. A população sertaneja já sente os horrores da fome, o êxodo rural e acentuado, um grande número de mendigos perambula pelas cidades. A escassez de alimentos devido à seca provoca acentuada elevação nos preços dos gêneros de primeira necessidade.
Estatísticas indicam que a Bahia é o maior centro produtor de fumo do Brasil, com 60% da produção total do país.
Lampião volta a atacar no interior da Bahia, desta vez em Itapicuru.
É noticiada a prisão de “Volta Seca”, famigerado cangaceiro do bando de Lampião, que ingressou no bando ainda menino.
Um contingente da polícia baiana segue no rastro do bando de Lampião, nas caatingas de Canudos. Registro de confronto na Fazenda Umburanas, de propriedade do coronel José Dantas Pereira.
O bando de “Corisco” assalta a Vila de Paripiranga. Notícias na imprensa dão conta de que dois outros cangaceiros, desligados do bando de Lampião, “Arvoredo” e “Calais”, constituem-se em outra ameaça à população sertaneja, principalmente da região de Curaçá, Juazeiro e Bonfim.
Vicente Dias dos Santos, assassino do coronel Horácio de Matos, é condenado a 21 anos de prisão.
Morre o ex-governador Francisco Marques de Góes Calmon. Nascido em Salvador, em 1874, graduou-se pela Faculdade de Direito de Recife. Antes de ingressar na política, trabalhou como fiscal do Banco da Bahia. Foi o 15º governador do estado, em sucessão a J.J. Seabra.
É lançado o livro O direito dos empregados no comércio, de Aliomar Baleeiro e Luiz Viana Filho, obra que vem preencher uma grande lacuna no direito dos cidadãos que trabalham no comércio. Publica-se também a revista Direito e Jurisprudência, fundada por Galdino Loureiro.
O professor Anísio Teixeira, diretor de Instrução, pede demissão e tem o pedido recusado pelo interventor.
Morre em São Paulo o ilustre brasileiro Santos Dumont, o “pai da aviação”.
Desfila pela primeira vez no Carnaval soteropolitano o bloco Maria Rosa, formado por rapazes da classe média da península Itapagipana. Vestidos com elegantes roupas femininas, leques e chapéus, chamam a atenção pelo barulho dos tamancos que calçam. São cerca de 35 rapazes, com charanga, apresentando músicas próprias.
É inaugurada fonte luminosa na Praça da Piedade, em Salvador, construída pelo prefeito Pimenta da Cunha.
Movimento grevista no Ginásio da Bahia. Alunos protestam contra as provas parciais.
Os guardadores de carros que exercem a profissão de “tomar conta” atormentam a vida dos proprietários de automóveis, especialmente nas imediações do cinema Liceu em Salvador. Quem recusa seus serviços corre o risco de ver seu carro danificado.
O pintor José Guimarães, recém-chegado da Europa, organiza exposição de seus trabalhos em Salvador, considerada como a primeira manifestação modernista nas artes plásticas na Bahia. O público conservador baiano reage às suas inovações estéticas, provocando-lhe grande constrangimento.
A cantora Carmem Miranda apresenta-se no Cine Teatro Jandaia. Na plateia, os estudantes de Direito e Medicina, a “mocidade acadêmica”, fazem tamanha algazarra que o espetáculo é interrompido algumas vezes. O comportamento inconveniente desses estudantes nas casas de espetáculo já vem de longas datas, muito aborrecendo e até afastando alguns frequentadores: são comuns as vaias e gaiatices dirigidas aos artistas e a pessoas de destaque na plateia. A imprensa vem protestando contra a “capadoçagem interminável desses moços impertinentes”, alguns dos quais chegam a ficar de ceroulas nas galerias. As intervenções da polícia, quando ocorrem, são sempre muito cautelosas, em respeito aos futuros “doutores”.
É demolido o Politeama Baiano. As companhias teatrais perdem o último grande espaço cênico da capital, restando-lhes, para suas montagens, os estruturalmente inadequados cine teatros.