Interventores:
Landulfo Alves
Presidente do Tribunal de Justiça:
Pedro Ribeiro de Araújo Bittencourt
Apesar de ainda distante do cenário da guerra que se desenrola na Europa, a Bahia já começa a sentir os seus efeitos, quer pelos mercados que vão diminuindo à medida que novos territórios vão sendo conquistados, quer pela suspensão de correspondência com os países beligerantes. Parentes de cidadãos europeus perdem os últimos laços de ligação com eles, já que o Departamento de Correios e Telégrafos suspende as expedições de cartas e postais com valor declarado.
A União Sindical dos Trabalhadores, em Salvador, realiza sessão solene, quando operários, diretores sindicais e representantes de classes comemoram o primeiro decênio do governo Getúlio Vargas.
Isaías Alves, secretário da Educação e da Saúde, implanta remodelação profunda na estrutura pedagógica do estado, com extinção de cargos e repartições, além de outras medidas voltadas para maior eficiência do ensino, ao tempo em que providencia dez novos postos de saúde para o interior.
A prefeitura de Salvador intensifica campanha contra os mocambos (barracos) que se multiplicam pela cidade, chegando à demolição de muitos deles.
O presidente Getúlio Vargas chega ao sertão da Bahia, tendo estado em Canudos, palco de uma das maiores guerras do hemisfério sul, onde recebe muitos aplausos de cerca de 30.000 pessoas. O presidente se faz acompanhar de Luiz Vieira, chefe da Inspetoria Federal de Obras Contra a Seca. Em seguida, segue para Salvador.
Aprovado pelo presidente Getúlio Vargas o projeto de decreto-lei de autoria do secretário de Educação Isaías Alves, que adapta o Instituto Normal da Bahia às escolas normais rurais, dando, assim, nova estrutura administrativa ao ensino do estado.
Um garoto de nome Américo, ao pescar siris em manguezal do Lobato, testemunha o jorro espontâneo do petróleo, que brota da lama formando bolhas. O fato causa grande repercussão em todo o país, gerando grande expectativa em torno das jazidas e prenunciando um retorno altamente compensador aos investimentos públicos e privados realizados. Para o Brasil, abrem-se enormes perspectivas para o desenvolvimento da indústria e dos transportes.
Prosseguem os trabalhos, recentemente iniciados, da Rodovia BR-116, a Rio–Bahia, na qual vai se aproveitar o petróleo de Lobato. O ponto de partida é Feira de Santana, para depois se seguirem Jequié, Vitória da Conquista e Encruzilhada. À frente dos trabalhos, o engenheiro Philúvio Cerqueira Rodrigues.
É fundada a Associação Baiana de Avicultura, com a finalidade especial de difundir a produção de aves, o que representa significativas vantagens tecnológicas e econômicas para o estado.
O salário mínimo já em vigor vem criando sobressaltos entre os industriais baianos, principalmente no setor têxtil, onde ocorrem demissões, sob a argumentação de que a produção não comporta o pagamento do mínimo estabelecido.
A exploração do petróleo na Bahia traz à tona muitas histórias envolvendo o ouro negro. Sabe-se, por exemplo, que há dezoito anos a população de Mata de São João já convivia com um óleo escuro que brotava, juntamente com a água, do chão das ruas, e que apresentava, inclusive, um certo gosto de querosene.
Os efeitos da guerra já se fazem sentir, e a Bahia entra em fase de racionamento de gasolina e de produtos alimentícios, tais como carne, açúcar e leite.
O presidente da Liga Baiana Contra o Analfabetismo, major Cosme de Farias, apela ao secretário da Educação, Isaías Alves, para que seja providenciada a implantação de escolas primárias nos municípios carentes.
Mais um cangaceiro remanescente do bando de Lampião, conhecido pela alcunha de “Velocidade”, entrega-se à polícia no sertão baiano.
Cristino Gomes da Silva Cleto, “Corisco”, nascido cm Alagoas, o último dos chefes cangaceiros, é morto na Bahia pelas forças volantes da polícia, na Fazenda Cavaco, distrito de Barra do Mendes. Na ocasião, Sérgia da Silva Chagas, “Dadá”, sua companheira, é ferida na perna direita (que mais tarde seria amputada) e aprisionada. A imprensa da época noticia um intenso confronto entre as duas forças, baseando-se nas informações da polícia. Dadá, no entanto, em depoimento a José Humberto Dias (que resultou na publicação do livro Dadá), desmente com veemência o fato, afirmando haver-se consumado uma simples execução, já que Corisco, inutilizado dos dois braços por ferimentos à bala desde outubro de 1939, em decorrência de promessas de anistia apregoadas pelos governadores nordestinos, “deixou as amas com ‘Pedro do Campinho’. Entregamos tudo, fuzil, e levamos uma menina que era nossa afilhada. (…). Estávamos confiantes na liberação que eles deram a todo mundo”. Sepultado em Barra do Mendes, dez dias depois foi o corpo exumado e retirados o braço e a cabeça, enviados em seguida para Salvador e expostos à curiosidade pública (em 1977 seriam reunidos aos demais ossos e sepultados na Quinta dos Lázaros). Também apelidado de “Diabo Louro”, era dotado de grande coragem e resistência física, habilidade no manejo das armas e um forte senso de comando. Desnorteado após a morte de Lampião e desconfiado de delação por parte do barqueiro Domingos dos Patos, derramou sobre ele e a família toda a sua ferocidade, terminando por enviar as cinco cabeças dos mortos ao prefeito de Piranhas (Alagoas) com um bilhete: “Se o negócio é de cabeças, vou mandar em quantidade”.
“Samba, gente
Inté o sol raiá
Mataro Corisco
E balearo Dadá”.

O passeio mais bonito que se podia fazer era sair da Praça da Sé ou do Abrigo da Praça Castro Alves, no bonde n° 14 do Rio Vermelho de Cima e voltar no bonde nº 15 do Rio Vermelho de Baixo”
O professor Manoel Pinto de Aguiar, juntamente com os jornalistas Jorge Calmon e Milton Figueredo, criam a Editora Cruzeiro, em Salvador, cujo primeiro e único livro editado foi Rio São Francisco e a Chapada Diamantina, obra raríssima de Teodoro Sampaio, na qual o autor, engenheiro, divulga as observações que fez numa espécie de diário, quando de suas andanças pelas duas regiões baianas, em 1879, como ajudante do também engenheiro americano William Millor Roberts, em missão de estudo dos portos brasileiros e das possibilidades de navegação dos grandes rios do país.
Desenvolvendo programa de difusão cultural, a Biblioteca Pública da Bahia promove, em colaboração com instituições diversas (a Sociedade Baiana de História Moderna, o Instituto Geográfico e Histórico, a Faculdade de Medicina e a Escola Agrícola da Bahia), várias comemorações em torno do centenário da publicação da Flora Brasiliensis, o mais famoso livro de ciência já escrito sobre o assunto no Brasil. Na conferência de encerramento, o professor de Farmacologia, Barros Barreto, traça um perfil dos seus autores, os botânicos baianos Alexandre Rodrigues Ferreira e Joaquim Monteiro Caminhoá.
A prefeitura de Salvador cria um imposto sobre as cadeiras colocadas nas calçadas da avenida Sete de Setembro, durante o Carnaval.
O Carnaval toma conta da cidade, e a ordem do rei é farra, farra absoluta. Blocos, batucadas e cordões enchem as ruas; os clubes sociais disputam decoração e associados animados; o corso de automóveis repletos de foliões fantasiados leva multidões às ruas; rainha, princesas e príncipes enobrecem os desfiles. É a grande batalha de confete e serpentina, na rua Chile, em frente à Loja Duas Américas, é o grande momento da brincadeira, onde todos se misturam indiscriminadamente.
Grande epidemia de malária no sudoeste baiano, registrando-se muitas mortes.
É erigido o busto de Frederico Pontes na avenida Jequitaia, na Cidade Baixa. Trata-se da homenagem, mediante subvenção, de amigos, companheiros de trabalho e admiradores do engenheiro que idealizou e construiu o Porto da Bahia.
Inundações castigam os municípios de Cachoeira, São Félix e Poções.
A malária assola o município de Jequié, na sede e nas redondezas. São registrados 24 mil casos de impaludismo, felizmente já enfrentados pelo Departamento de Saúde do estado, com o envio de 10.800 ampolas de paludil, 2.000 ampolas de formiato de quinina, 5.500 comprimidos de sezonil e 940 medicações ferruginosas e verminóticas.
“… A maioria dos passageiros preferia viajar em pé sobre estribos, e o chique era pongar no bonde
na subida e na descida.”
A prefeitura de Salvador oferece aos baianos um espaço para melhor apreciação da sua linda paisagem, quando, derrubado o alto paredão que tudo vedava, constrói balaustrada “harmoniosa e baixa” na Ladeira da Barra.
Morre com pouco mais de 80 anos, no Rio de Janeiro, Adelaide de Castro Alves Guimarães, última irmã do imortal poeta Castro Alves e esposa do jornalista baiano Augusto Guimarães. Também poeta, Adelaide mantinha acesa a obra do irmão, sendo possuidora do seu último poema, a ela dedicado.
Reunião entre engenheiros e arquitetos baianos (Alexandre Maia Filho, Elísio Lisboa, Otávio Junqueira Ayres, Afonso Cardoso Antunes, Gilberto Silva e Ramiro Berbert de Castro) define o local do novo estádio a ser construído pelo estado. Posteriormente, Landulfo Alves, interventor, aprova a Fonte Nova como o local apropriado para a construção.
Notícias sobre a guerra na Europa, trazidas pelo major Bernardino de Matos, dão conta de que os alemães utilizam quartzo baiano nos seus holofotes, com os quais conseguem identificar os aviões ingleses.
A Bahia oferece ao estado de São Paulo uma imagem do Senhor do Bonfim, esculpida por Pedro Ferreira. A obra, de qualidade indiscutível, permanece inicialmente sob guarda na matriz da Conceição da Praia, onde é abençoada, em presença de Landulfo Alves e do prefeito Neves da Rocha.
Surgem casos de peste bubônica em Feira de Santana e Bonfim.
O município de Cruz das Almas é contemplado com a construção da Escola Agronômica da Bahia, acontecimento marcante da administração do interventor Landulfo Alves.
Desaparece o engenheiro Inácio Bastos, figura de destaque na descoberta do petróleo na Bahia.
O prefeito Neves da Rocha revela cuidados com o subúrbio de Salvador, agora sob a forma de excelente iluminação elétrica. São contempladas, preferentemente, as localidades mais procuradas pelos veranistas, como Periperi, Praia Grande, Plataforma, Escada e Itacaranha.
Ainda com necessidade de serem estudados com mais aprofundamento científico, os efeitos cancerígenos dos gases expelidos por ônibus e automóveis são levantados por Archimedes Guimarães, diretor da Escola Politécnica, especialista em assuntos químicos.