Interventores:
Landulfo Alves
Presidente do Tribunal de Justiça:
Pedro Ribeiro de Araújo Bittencourt
A guerra travada já há dois anos na Europa chega em ecos ainda fracos ao Brasil e à Bahia. Entretanto, o bombardeio da base militar norte-americana de Pearl Harbor, no Pacífico, pelos japoneses, começa a intensificar entre nós as notícias do conflito. Mas a tendência do povo é, ainda, apoiar a posição de neutralidade do governo brasileiro.
Circulam notícias de bombardeios de navios da Marinha Mercante brasileira e da prisão de brasileiros nos países ocupados pelas forças do Eixo Alemanha, Itália e Japão. Os Estados Unidos começam a pressionar o Brasil a entrar na guerra.
O governo federal assina um decreto-lei determinando a publicação das obras completas de Rui Barbosa.
O povo baiano, como ocorre em todo o Brasil, vai às ruas na data de 19 de abril, em comemoração ao aniversário do presidente Getúlio Vargas, com o governo do estado à frente da organização dos eventos. Nesta mesma data, é reaberto o jornal O Imparcial, adquirido pelo chefe político da região do São Francisco, Franklin Lins Albuquerque. O jornal volta à circulação sob a direção de Franklin Lins Júnior e tendo como redator-chefe seu irmão Wilson Lins.
Realiza-se, em Salvador, manifestação de solidariedade ao presidente Getúlio Vargas pelo rompimento das relações diplomáticas com os países do Eixo.
Jorra petróleo também em Candeias.
O último tear, sobrevivência da indústria africana, que ainda produz pano da costa, encontra-se instalado numa casinha modesta da avenida Oceânica, propriedade de Alexandre Geraldo da Conceição.
As cervejas Boêmia Pilsen e Serrana, fabricadas pela Companhia Cervejaria Boêmia, são as mais consumidas no mercado baiano.
A Companhia de Mercados Públicos da Bahia S/A inaugura o Mercado das Sete Portas, denominado Mercado 1º de Maio, onde será concentrada a venda de hortifrutigranjeiros e gêneros alimentícios de primeira necessidade.
Realiza-se a primeira puxada de redes de xaréu em Armação, com a presença de técnicos da Divisão de Caça e Pesca do Ministério da Agricultura.
O prefeito de Salvador, Neves da Rocha, populariza o Carnaval, incentivando a saída de blocos, batucadas e cordões em substituição aos grandes clubes.
“… A rede era puxada até a praia por todos os pescadores, que cantavam em coro, ritmando e sincronizando o esforço conjunto.”
Entra no ar a Rádio Excelsior.
Por iniciativa do Liceu Salesiano, realiza-se a cerimônia de transferência dos restos mortais da escritora e educadora baiana Amélia Rodrigues, para o santuário de Nossa Senhora Auxiliadora.
É inaugurado o Hospital Santa Teresinha, para atendimento a tuberculosos.
Morre aos 89 anos o comendador José Firmino Alves, considerado o fundador de Itabuna. Nascido em Cristinópolis, Sergipe, mudou-se para o sul da Bahia em 1867, junto com o avô, pais e irmãs, atraídos pelas notícias de terras férteis. Foi um dos pioneiros na disseminação da cultura do cacau na região, tornando-se fazendeiro próspero e empenhando-se para que o Arraial de Tabocas fosse emancipado. Entre suas realizações, além da doação de prédios para os primeiros órgãos da cidade (Intendência, Audiência e Cadeia Pública), destacam-se a construção da igreja matriz de São José e a fundação do jornal O Intransigente.
Curioso registro do jornal O Imparcial: “Morre aos 140 anos o mendigo José de Sant’Ana. Era preto, viúvo e morava na rua da Entente. Morreu de um mal que muita gente ambiciona e não alcança: senilidade, ou seja, velhice extrema, caducidade”.
Desperta curiosidade popular o primeiro avião particular da Bahia, o 8-B1, pertencente ao sr. Hélio Guertzenstein, que o importou dos Estados Unidos.
Jorge Amado é convidado pelo governo do México para ensinar Literatura Brasileira naquele país.
Stefan Zweig chega à Bahia. Austríaco de nascimento, ele é o escritor estrangeiro mais lido no Brasil. Afastando-se do palco da guerra na Europa, o escritor escolhe o nosso país para sua morada.
Morre o pintor baiano Franco Velasco, autor, dentre outros trabalhos, dos tetos da igreja de Santana e da capela da igreja do Bonfim.
É realizada em Salvador a VII Conferência da Liga Baiana da Luta Contra o Câncer, presidida pelo médico e professor Aristides Maltez.
O major Cosme de Farias inicia um movimento em prol da aquisição, pelo governo, da casa onde nasceu J.J. Seabra, na qual pretende seja instalada uma escola pública com o nome do ex-governador.
É denunciado na imprensa, mais uma vez, o problema dos menores abandonados no nosso estado: “Na Bahia presenciamos quadros dantescos oferecidos pelo abandono das crianças das ruas. Vivendo na areia do cais em velhos barcos abandonados ou em furnas cavadas na areia, os pequenos se sustentam de roubos, operando nas feiras livres, nos bondes e onde lhes ofereçam oportunidade”.
É inaugurado o Largo da Sé, que apresenta uma nova feição urbanística.
A Companhia de Comédias Gilberto Guimarães, formada por artistas da terra, estreia no Cine Teatro Guarani com a peça Isto é amor. Gilberto Guimarães já marcara sua presença no teatro baiano como líder da Associação de Cultura Teatral, cuja estreia, no fim da década passada, foi muito bem recebida pela crítica. Com o novo grupo, seguem-se diversas temporadas na capital e no interior, chamando a atenção pelo talento da equipe.
Jorge Amado conclui a obra ABC de Castro Alves, ensaio biográfico e crítico da vida do poeta. Logo depois, segue para a Argentina, onde começa a escrever o Cavaleiro da Esperança, biografia do líder comunista Luís Carlos Prestes.