Bahia de Todos os Fatos

...1950 - 1959...

Belmonte elege a primeira prefeita no estado

Governadores:
Antônio Balbino
General Juracy Magalhães
Presidentes da Assembleia Legislativa:
Nathan Coutinho
Orlando Spínola
Presidente do Tribunal de Justiça:
Álvaro Clemente de Oliveira

É criado o município de Buerarema.

Otávio Mangabeira toma posse no Senado Federal. Logo depois, “falando da tribuna de onde falou Rui”, abre o debate sobre a sucessão, alertando para a necessidade de “se eleger um governo no país que reúna condições, não só de se manter, como também de desempenhar o mandato com eficiência”. Critica, ainda, o excesso de emissão monetária e o empreguismo no serviço público.

É empossado o governador eleito, Juracy Magalhães.

O governador, de pronto, retorna à prática das audiências públicas, posta em vigor no governo de Otávio Mangabeira e desativada no governo Balbino.

Djanira Rezende de Souza, ao assumir a prefeitura do município de Belmonte, destaca-se como a primeira mulher a assumir cargo de tal natureza na Bahia.

Sessão acalorada na Assembleia Legislativa, a respeito de uma campanha desenvolvida contra o meretrício. Na defesa, os deputados Raimundo Magaldi e Adelmário Pinheiro, que, inclusive, se refere às profissionais da noite como “lindas mariposas”.

A Assembleia, por unanimidade, manifesta-se favorável ao reatamento das relações comerciais entre o Brasil e a União Soviética.

Em declarações à imprensa, o deputado federal Waldir Pires anuncia a assinatura de decreto do presidente JK relativo à implantação da indústria petroquímica na Bahia.

Pelo programa radiofônico “O Povo no Governo”, o governador Juracy Magalhães defende a sua disposição de liberar o jogo do bicho. Enquanto isso, na Assembleia Legislativa, o deputado Juarez Souza apresenta projeto de criação da Loteria Esportiva Estadual.

No Senado, Otávio Mangabeira dispara: “Se tivesse 30 anos, conspiraria para derrubar o atual regime” (…) “o voto deixou de ser computado pelas atas falsas, para ser comprado pelo dinheiro, muitas vezes roubado…”

Manifestando-se através da aprovação de moção de aplausos, a Assembleia Legislativa felicita o presidente Juscelino Kubitschek pela sanção da lei que cria a Sudene, “organismo de caráter nacional destinado à supervisão dos problemas relacionados com o desenvolvimento social e econômico da região Nordeste do Brasil”.

O governador Juracy Magalhães recebe proclamação-apelo, na qual muitos correligionários lhe pedem para não se candidatar na convenção da UDN, a fim de ser mantida a unidade do partido. O apelo é rejeitado e ele mantém a sua candidatura para disputar a Presidência da República. Na convenção, antevendo o insucesso, libera os correligionários a votarem de acordo com a consciência de cada um e “pensando no Brasil”. É derrotado por Jânio Quadros.

O presidente Juscelino Kubistcheck recebe, em audiência no Palácio do Catete, parlamentares baianos em defesa dos interesses da Bahia: o deputado federal Antônio Carlos Magalhães e os estaduais Juracy Magalhães Júnior, Carlos Facó, Aloísio Short e Luciano Soares.

Os deputados estaduais provocam a ira da população, quando, legislando em causa própria, sem sequer esperarem por nova legislatura, aumentam os seus subsídios. O povo, de forma irreverente, denomina o projeto de “cacareco”. Por conta disso, a Assembleia Legislativa da Bahia é bastante ridicularizada pela imprensa do sul do país.

O governador Juracy Magalhães dirige ao presidente Juscelino Kubitschek telegrama de solidariedade em defesa do governo constitucional, em decorrência de movimento golpista iniciado por oficiais da FAB e alguns oficiais do Exército.

Na sessão da convenção nacional do PSD, o ministro Amaral Peixoto, presidente do partido, é criticado pelo deputado Raimundo Reis, que, em nome da representação baiana, reivindica melhor tratamento à seção local da agremiação. O parlamentar manifesta, ainda, preocupação com a necessidade de renovação do partido, que, a seu ver, “deve continuar um partido conservador, mas não deve se transformar num partido reacionário, insensível às aspirações populares”.

O CNP autoriza a Petrobras a exportar petróleo da Bahia, pois Refinaria já não dá vazão à produção do Recôncavo.

Elenco da peça Paternidade. Foto: Leão Rosemberg

Elenco da peça Paternidade. Foto: Leão Rosemberg

A Companhia Progresso e a União Fabril da Bahia, fábricas de tecidos, anunciam que vão fechar. Impossibilitadas de pagar o salário mínimo, dão “aviso prévio coletivo”. Desemprego à vista, sobretudo para idosos.

E rodado o curta-metragem O pátio, representativo da fase de cinema experimental de Glauber Rocha, contando com a assistência de Esdras Costa, fotografia de José Ribamar, Marinaldo e Luís Paulino.

Na redação dos jornais, inicia-se movimento contra o uso do paletó e gravata como indumentária de trabalho, inadequada para o calor baiano.

Em Itapetinga é instalado o serviço telefônico.

A prefeitura, por meio do setor de turismo, restaura o Forte de São Marcelo para usá-lo como atração turística.

Paulo Afonso se transforma em meca de quantos buscam uma vida melhor; a barragem atrai imigrantes de toda parte e a antiga Vila Poty vai se urbanizando desenfreadamente.

Fecha, por questões financeiras, a Fundação Instituto São Caetano destinada à assistência a moradores de rua, os “capitães de areia”.

Em exposição no Belvedere da Sé, com a visita de centenas de pessoas, a baleia negra Moby Dick. Com essa motivação, entrevista-se Adroaldo da Silva Lino, filho do mais famoso “caçador de baleias” de Salvador, lá pelo início do século. Segundo o mesmo, Salvador era grande viveiro desses mamíferos e a caçada “por safra” chegava a 50 animais. Com a vinda dos arpoadores ingleses, os animais entraram em processo de extinção.

No Palácio Rio Branco, o pintor carioca radicado na Bahia, Rescala, faz exposição de 75 quadros com pinturas sobre plástico, a primeira no mundo.

É instalado em Salvador, no prédio da Faculdade de Odontologia, o IV Colóquio Luso-Brasileiro de Estudos Linguísticos e Literatura, com a presença do presidente de Portugal, Marcelo Caetano. O encontro inclui palestras e comunicações de mestres em Língua Portuguesa dos dois países.

O jornalista Sebastião Nery inicia, na imprensa de Salvador, uma série de reportagens que motivam a discussão sobre a reforma agrária, tema dos mais debatidos pela sociedade.

A Biblioteca Pública, então na Praça Municipal, expõe mostra de obras de Jorge Amado em 30 idiomas diferentes.

Oficializa-se a obrigatoriedade do fornecimento da nota de venda ao consumidor. Trata-se de medida para impedir a sonegação de impostos pelo comércio.

Chega a Salvador o embaixador norte-americano, John Cabot, para inaugurar, no corredor da Vitória, a sede de Associação Cultural Brasil–Estados Unidos.

Em Ilhéus, ao arrastar balsa com duas mil sacas de cacau para embarque ao largo, naufraga o rebocador Sampaio Ferraz, do Loide Brasileiro.

Carnaval “Havia igualmente os afoxés, como os Filhos do Congo, com seu rei, sua rainha, seu porta-estandarte e seus tambores”. (Retratos da Bahia. Pierre Verger)

Carnaval
“Havia igualmente os afoxés,
como os Filhos do Congo, com seu rei,
sua rainha, seu porta-estandarte
e seus tambores”.
(Retratos da Bahia. Pierre Verger)

É lançado, em Feira de Santana, o jornal Diário de Feira

Veleda Barreto, fundadora e organizadora da Polícia Feminina, demite-se da Corporação em virtude da proibição de casamento às mulheres policiais.

Visita Salvador a fundadora e incentivadora do escotismo e bandeirantismo mundial, lady Baden-Powell.

Tropas federais são destacadas para a supervisão das eleições suplementares em vários municípios baianos.

As lambretas (motonetas de origem italiana) invadem Salvador e são motivo de muita reclamação popular, sobretudo na Barra.

Greve dos motoristas rodoviários do estado paralisa e bloqueia todas as estradas, principalmente no interior. Tropas federais tentam furar o bloqueio em Feira de Santana, mas aí há sabotadores até para parar o trem, com fogueiras nos trilhos. O aumento no preço dos combustíveis e acessórios foi o estopim do movimento.

A imprensa dramatiza as precárias condições do Centro Histórico de Salvador: “o câncer do vício corrói a Bahia centenária, e onde viveu a nobreza instalou-se a capital do meretrício”.

Pesquisas arqueológicas encontram fósseis de megatério no sertão da Bahia (região do São Francisco).

É inaugurada pelo ministro da Viação, Lúcio Meira, a ponte metálica sobre o São Francisco, ligando a Bahia a Alagoas.

O jornalista Godofredo Filho, em alentada matéria, chama a atenção para a expansão desordenada de invasões e favelas na capital. Pede programa de recuperação de favelas e cortiços no Centro Histórico de Salvador.

É inaugurada, na galeria de arte da Biblioteca Pública, a primeira exposição individual de Calasans Neto, um dos integrantes da nova geração de artistas. Trata-se de uma mostra de gravuras.

É anunciada a reinauguração do TCA, com show de Dorival Caymmi e Orquestra Sinfônica da Bahia. Na verdade, o show é realizado na concha acústica, já que o prédio principal do teatro continua em escombros.

Realiza-se o I Seminário Internacional de Teatro, na Escola de Teatro da Universidade da Bahia. A escola, patrocinada pela Rockfeller Foundation, é considerada uma das melhores do mundo e conta com a melhor equipe de professores de teatro do país.

Surge o Teatro dos Novos, liderado por João Augusto, o primeiro grupo cênico profissional da Bahia e que se tornaria um dos mais importantes da história do teatro baiano.

Na Bienal de São Paulo, o pavilhão da Bahia é o mais elogiado, sobretudo pela jornalista Vera Pacheco Jordão, para a qual ele “impressiona pela vivência de conteúdo e pela vivacidade de apresentação”. Chama a atenção para as belas fotografias de Goutherat, Silvio Robato, Enes Melo e Pierre Verger.

Luiz Viana Filho lança, pela livraria José Olímpio Editora, a biografia do barão do Rio Branco, com encontro na Livraria Civilização Brasileira.

O autor já se notabiliza pelas biografias e anuncia dois novos biografados: Rui Barbosa e Joaquim Nabuco.

O coronel Manoel Cordeiro, pessoa de destaque na região de Tucano e um dos responsáveis pela incorporação do Jorro ao citado município, está alarmado com os boletins jogados por aviões não identificados sobre a área, informando que o Jorro vai ser fechado. É o que declara à reportagem que se deslocou para o local e teve a oportunidade de se informar sobre o surgimento do Jorro, na verdade uma surpresa da natureza aos técnicos do CNP (Conselho Nacional de Petróleo), que há anos exploravam as terras do Nordeste em busca de petróleo: na região citada, explodiu um formidável jato de agua potável quente, que atingiu milhares de metros de altura, consagrando-se como o Jorro.

Morre em acidente aéreo, na capital federal, o escritor José Valadares, diretor do Museu do Estado da Bahia e catedrático da cadeira de Estética da Faculdade de Filosofia da UFBA.

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