Bahia de Todos os Fatos

...1960 - 1969...

Povo é contra a criação do cargo de vice-prefeito

Governador:
Lomanto Júnior
Presidentes da Assembleia Legislativa:
Orlando Spínola
Jutahy Magalhães
Presidente do Tribunal de Justiça:
Renato Rollemberg da Cruz Mesquita

A UDN baiana solidariza-se por carta com o presidente Castelo Branco, face aos ataques do governador da Guanabara, Carlos Lacerda, contra o governo federal.

Aprovados pelo Senado os nomes dos juristas Adalício Nogueira e Aliomar Baleeiro para ministros do Supremo Tribunal Federal. A Bahia passa a ter três dos seus juristas na mais alta Corte de Justiça do país, pois lá já se encontra Hermes de Lima.

A cidade de Salvador assiste à violência perpetrada contra o superintendente e o gerente dos Diários Associados, respectivamente Odorico Tavares e Paulo Nacife, segundo a imprensa praticamente “caçados” por Ney Ferreira e acompanhantes armados, “que invadem a sede daquela empresa para, declaradamente, assassiná-los”.

A União Democrática Nacional, seção da Bahia, realiza sua convenção estadual para eleição de novos dirigentes e aprovação de algumas moções: 1) congratulações a Juracy Magalhães por sua atuação como embaixador brasileiro nos Estados Unidos; 2) apoio ao presidente Castelo Branco “por seu governo honesto, democrático e restaurador do país”; 3) homenagem póstuma ao deputado Juracy Magalhães Júnior.

“A Bahia é, para mim, um verdadeiro sanatório, onde sempre recupero minhas formas cívicas ou físicas”. Com estas palavras, o governador da Guanabara, Carlos Lacerda, acolhe a imprensa baiana, na sua chegada ao Aeroporto Dois de Julho.

O Tribunal de Justiça do estado, por maioria de votos, não conhece os mandados de segurança impetrados pelos ex-deputados Ênio Mendes e Sebastião Neri contra a Assembleia Legislativa, pela cassação dos seus mandatos. O Tribunal se justifica alegando obedecer ao dispositivo do Ato Institucional n° 2, que retira da apreciação da Justiça as cassações de mandatos.

Em Salvador, hóspede do reitor Miguel Calmon, o jovem Rajmohan Ghandi, neto do falecido líder indiano Mahatma Ghandi, visita a Assembleia Legislativa e realiza conferência na Escola de Teatro da UFBA. Ghandi, que no seu país é o condutor do Movimento do Rearmamento Moral, veio ao Brasil para proferir conferências em 24 universidades brasileiras.

O senador Robert Kennedy, líder do Partido Democrata no Congresso americano, visita a Bahia, onde assiste a missa em memória do seu irmão, John Kennedy, assassinado há dois anos. Após a missa, o senador, em companhia do governador do estado, visita pontos panorâmicos da cidade e a obra social de Dalva Matos.

A pedido do deputado Menandro Menahim, a Assembleia Legislativa convida o ministro do Planejamento, Roberto Campos, para comparecer à casa e fazer explanação sobre a política econômico-financeira do país.

É realizada pesquisa de opinião acerca da criação do cargo de vice-prefeito da capital. O povo se manifesta contrariamente, ante a perspectiva do aumento das despesas públicas e por considerar que se trata simplesmente da criação de mais um cargo para composição política.

É lançado em Salvador, na Livraria Civilização Brasileira, o livro O mundo estranho dos cangaceiros, de autoria do professor Estácio de Lima, catedrático das Faculdades de Medicina e Direito da UFBA.

Cerâmica típica da feira de Água de Meninos.

Cerâmica típica da feira de Água de Meninos.

  

A decoração da cidade para o Carnaval vem sendo considerada a mais linda de todos os tempos. Com motivos africanos, uma criação dos artistas Emanuel Araújo e Juarez Paraíso, ela será filmada e levada para Dakar, na África, onde deverá constar do Festival Internacional de Arte Negra, a se realizar naquela cidade.

Cumprindo portaria do Ministério da Justiça, a delegacia regional do Departamento Federal de Segurança Pública apreende, na capital e interior do estado, diversos volumes do livro Falência das elites, de autoria de Adelaide Carraro.

Explosão na Refinaria Landulfo Alves, da Petrobras, em Mataripe, causa a morte de 23 funcionários da empresa e ferimentos graves em mais de 40 pessoas. 

Ponto obrigatório dos políticos baianos na rua Chile, sobretudo dos membros do Partido Socialista, que dele fizeram a sua sede, é destruído pelo fogo o Café Bernadete.

Morre aos 66 anos, vítima de enfarte, José Soares de Gouveia, o Tio Juca, nome obrigatório no trabalho de assistência social em Salvador. Em virtude da morte do seu filho Antônio Carlos, aos sete anos, José Soares fundou, na Ladeira da Barra, o Instituto Santo Antônio, que viria a ser abrigo certo para vítimas da orfandade e dos desajustes familiares.

Morre o professor Pinto de Carvalho, deixando grande lacuna nas Letras e na Medicina baianas, pela sua atuação marcante, que o levou, inclusive, à presidência da Academia de Letras da Bahia.

O conhecido capoeirista baiano Mestre Pastinha lança, com afluência de grande público, na Livraria Civilização Brasileira, o seu primeiro livro, Capoeira de Angola. O capoeirista mostra-se defensor da origem da luta na própria África, o que não o impede de demonstrar seu grande amor à Bahia.

“Bahia, minha Bahia
Bahia do Salvador
Quem não conhece capoeira
Não lhe pode dar valor
Todos podem aprender
General até doutor
Mas pra isso é necessário
Procurar um professor”

(Mestre Pastinha)

Lia Robatto dirige O Barroco, com o Grupo Experimental de Dança, propondo a arte total – dança, música, teatro e artes plásticas. O espetáculo seria o primeiro de uma série de experimentos cênicos testados por este e outros grupos nos anos seguintes, chegando a resultados surpreendentes na próxima década.

Com base na aculturação religiosa recomendada pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, que busca maior participação popular nos atos litúrgicos e nas discussões religiosas, a Igreja católica celebra, pela primeira vez na Bahia, missa ao som de violões, berimbau, atabaques e outros instrumentos populares. A cerimônia, chamada “Missa do Morro”, já foi realizada na Guanabara, com grande público, e em Salvador é apresentada por alunos e professores do Instituto de Educação Isaías Alves e do Instituto de Música da Universidade, no Mosteiro de São Bento.

Lia Robatto no espetáculo “O Barroco”. Foto: Silvio Robatto.

Lia Robatto no espetáculo “O Barroco”. Foto: Silvio Robatto.

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