Governador:
Antônio Carlos Magalhães
Presidentes da Assembleia Legislativa:
Barbosa Romeu
Murilo Cavalcanti
Presidente do Tribunal de Justiça:
Adolfo Leitão Guerra
A seca que continua a se abater no sertão baiano faz com que mais de uma centena de municípios continuem sob o estado de emergência declarado pelo governo do estado – alguns com mais de um ano nessa situação.
Cerca de 10.500 policiais militares do estado – de oficiais a soldados – cruzam os braços, reivindicando equiparação salarial, inclusive de vantagens, as forças armadas. O policiamento ostensivo em Salvador fica a cargo de pelotões do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Após três dias de greve, os policiais retornam as atividades. O comandante da corporação, Coronel Sílvio Roberto de Mattos, afirma que “não houve vencidos nem vencedores”, mas que continuarão lutando pelas suas reivindicações.
É inaugurada pelo governador António Carlos Magalhães o módulo I da Universidade do Sudoeste, em Vitória da Conquista.
O prefeito Mário Kertész determina gratuidade aos usuários nos 30 primeiros dias de funcionamento do Plano Inclinado Liberdade – Calçada, objetivando estimular a população a conhecer o novo ascensor público.
Os parlamentares baianos, governistas e oposicionistas, manifestam na Assembleia Legislativa seu repúdio aos atos terroristas – tanto da esquerda como de origem direitista – que continuam a atingir o país. Os ataques mais veementes voltam-se contra o atentado do Riocentro, nas comemorações do Dia do Trabalho, afirmando o oposicionista Filemon Matos: “A oposição vem fazendo inúmeras denúncias desses crimes, mas até agora nenhuma medida concreta foi tomada para tranquilizar a sociedade brasileira”.
O governador Antônio Carlos Magalhães inaugura um trecho de 42 km da BR-330, ligando as cidades de Irecê e Canarana, que irá facilitar a conexão de toda a região com a capital federal, através da Rodovia BR- 242 (Salvador–Brasília).
O senador Tancredo Neves, presidente nacional do Partido Popular, participa da convenção municipal do partido em Feira de Santana e de concentrações públicas em Jacobina e Santo Amaro.
Haroldo Lima, membro do Diretório Regional do PMDB, pede a expulsão do partido do vereador Murilo Leite, que acusara o Partido Comunista do Brasil de invadir uma fazenda de sua propriedade, ocupada por cerca de 200 trabalhadores, e preparar um foca de guerrilha na área.
Onda de violências sacode Salvador. Um anunciado aumento dos transportes coletivos funciona como o estopim de uma crise social cada vez mais agravada em consequência dos desacertos de uma política econômica que leva ao empobrecimento cada vez maior da população. No decorrer da crise, centenas de ônibus são apedrejados (cerca de um terço da frota), além de uma agência do banco do estado, supermercados e casas comerciais. O fato é comparado pela imprensa ao “quebra-bondes” ocorrido em Salvador em 1930, quando os baianos saíram as ruas quebrando os ondes da Companhia Circular de Carris Urbanos. O fato assume tamanha gravidade que o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil divulga nota lembrando as autoridades que “os graves acontecimentos registrados na cidade não devem sob hipótese nenhuma servir de pretexto para justificar a interrupção do processo de redemocratização do país”.

O governador Antônio Carlos Magalhães sanciona a Lei 3.928, pela qual o governo estadual doa a Mansão Gois Calmon, no bairro de Nazaré, a Academia de Letras da Bahia, com a finalidade de ali se instalar a sede da entidade.
Frustrado em sua expectativa de ser indicado como candidato a governador, o prefeito Mário Kertész desentende-se com Antônio Carlos Magalhães, o que provoca a sua exoneração. Para o cargo é indicado o ex-secretário da Agricultura, Renan Baleeiro, que após ter seu nome aprovado pela Assembleia Legislativa é nomeado e empossado como prefeito da capital. Em sua despedida da prefeitura, o ex-prefeito lança-se candidato à Câmara Federal.
O governador Antônio Carlos lança o ex-prefeito de Salvador e presidente do Baneb, Clériston Andrade, como seu candidato ao governo do estado. O ex-prefeito Mário Kertész e o senador Lomanto Júnior aliam-se contra a candidatura de Clériston.
Ante os rumores de que a Nuclebrás decidira utilizar a reserva ecológica baiana do Raso da Catarina para depósito do lixo atómico produzido pela usina de Angra dos Reis, toda a Bahia reage indignada, lançando enérgicos protestos. O governador é taxativo: “Não queremos lixo, O Nordeste quer é progresso”.
O PMDB, em convenção nacional, reelege Ulisses Guimaraes para a sua presidência.
O presidente da Empresa Baiana de Alimentos – EBAL, Walter Batista, recebe missão oficial do Mato Grosso do Sul, que vem colher subsídios para implantação de um programa similar à Cesta do Povo.
Os homossexuais ganham uma entidade de defesa dos seus direitos. É criado o Grupo Gay da Bahia, liderado pelo sociólogo Luiz Mott, professor da UFBA, assumindo a grande tarefa inicial de conter a violência perpetrada pela polícia contra os travestis. Além de conseguir alguns avanços na legislação brasileira em relação às minorias sexuais, o grupo desenvolveria mais tarde um notável trabalho na difusão de informações sobre as doenças sexualmente transmissíveis, contribuindo para deter o avanço da aids.
A economia da região sul do estado atravessa grave crise, em virtude da frustração da safra do cacau e da baixa do preço do produto.
A Argentina decide taxar em 20 % a importação de produtos brasileiros, afetando, assim, as exportações do Polo Petroquímico de Camaçari.
Os moradores do Alto do Saldanha, em Brotas, denunciam caso de febre tifóide, que se pensava erradicada na cidade.
A costa sul da Bahia e a bacia terrestre do município de Tucano são incluídas entre as áreas para exploração de petróleo. Registra-se, ainda, que o estado tem diminuída a sua participação proporcional na produção nacional de petróleo.

Cineasta Glauber Rocha
Morre no Rio de Janeiro o cineasta Glauber Rocha, vítima de septicemia, edema pulmonar e choque bacteriano. Baiano de Vitória da Conquista, Glauber desaparece aos 42 anos de idade, recém-chegado da Europa, onde coheu os maiores elogios da crítica especializada e de cineastas, entre os quais Luís Bunuel. Polêmico, instigante, criativo, Glauber resumia o fazer cinema como “uma câmara na mão, uma ideia na cabeça”. Foi, sem dúvida, o intelectual brasileiro que impôs ao primeiro mundo a estética da fome, recriando o universo sertanejo e mostrando a beleza e a miséria da Bahia litorânea. Figura presente nos movimentos de vanguarda do Brasil a partir da década de 50, fortaleceria a chamado Ciclo do cinema baiano e marcaria definitivamente o cinema novo brasileiro. Curiosamente. Glauber Rocha nasceu na mesma data de nascimento do poeta Castro Alves: 14 de março.
Morre Nair de Teffé da Fonseca, viúva da Marechal Hermes da Fonseca, com quase 95 anos de idade.
A Telebahia tem o primeiro carro elétrico da Bahia, Versão Furgão E400.
Morre o grande capoeirista Vicente Ferreira, o mestre Pastinha, aos 92 anos, pobre, cego e abandonado, no Abrigo D. Pedro II. Uma das grandes figuras da vida popular da Bahia, o soteropolitano mestre Pastinha começou a aprender capoeira aos 10 anos de idade, com um negro angolano. Parou a partir de 1914, em decorrência da perseguição empreendida pela polícia e só voltou a praticá-la quase 30 anos depois, liderando um grupo da Liberdade. A partir de então inicia uma brilhante carreira como mestre e divulgador da capoeira, alcançando notoriedade em todo o pais. Sua Escola de Capoeira de Angola, localizada no largo do Pelourinho a partir do início da década de 50, tornou-se ponto de visita obrigatória para todos os interessados nessa arte. Mesmo com idade avançada (já com mais de 70 anos), impressionava pela agilidade e precisão de movimentos, e só parou de lutar por força da perda progressiva da visão. Em 1966 realizou o grande sonho de conhecer a África: a convite do Ministério das Relações Exteriores, participou da delegação brasileira junto ao Primeiro Festival Internacional de Artes Negras, em Dacar (Senegal). Divergindo do mestre Bimba, afirmava ser a capoeira originária de Angola, onde era conhecida como “dança da zebra”.
Morre Alexandrina Ramalho, uma das mais notáveis cantoras líricas brasileiras. Foi a fundadora da Sociedade de Cultura Artística da Bahia entidade responsável pela vinda de grandes espetáculos artísticos europeus para os palcos da cidade, principalmente durante os anos 50.
O Cine Capri, no Largo 2 de Julho, e totalmente destruído por um incêndio, ocorrido durante a madrugada.
Pela Editora Corrupio são lançados dois importantes livros sobre candomblé: “Lendas dos Orixás” e “Oxóssi, o Caçador”, ambos de Pierre Verger, com design e belas ilustrações de Enéas Guerra.
Por iniciativa da funcionária Zinia Góes, é criado o Coral da Assembleia Legislativa da Bahia, formado por servidores da Casa. A regência é confiada a Mírian Fontal, professora de música da UFBA, com larga experiência com o regente de corais, instrumentista e cantora lírica. Os participantes desse coral passariam a integrar a Associação Lírica da Bahia – Alba, idealizada por Mirian Fontal e que faria retornar aos palcos baianos os espetáculos operísticos.
Lia Robatto e Márcio Meireles realizam um notável espetáculo itinerante de teatro e dança no Museu de Arte Sacra: “Salomé”, de Oscar Wilde, com o Grupo Experimental de Dança o Avelaz y Avestruz. Vivamente impressionada como espetáculo, a cineasta Lina Wertmuller, de passagem pela cidade, compara o Avelaz y Avestruz aos melhores grupos europeus. Por sugestão da própria Lina, neste mesmo ano o grupo monta “O Pai, de Strindberg, com a participação do grupo musical Anticália, merecendo entusiásticos elogios da crítica.
O cordel volta aos palcos, trazido pelo Livre Teatro Livre da Bahia seguidor do trabalho de João Augusto. Benvindo Siqueira dirige “Yes, Nós Temos Cordel”, lançando como ator o ex-presidente da UNE Ruy César.
A arte imita morte: o atar Ed Ribeiro morre em cena no início da temporada da peça “Mãos Sujas de Terra”, dirigida por Zoila Barata, na Sala do Coro do TCA.
Estatísticas indicam que, na Bahia, a mortalidade de crianças com menos de 1 ano de vida atinge 29,99%.