Governador:
Luiz Viana
Presidente da Assembleia Geral:
José Aquino Tanajura
Presidente da Tribuna da Justiça:
Antônio José de Castro Lima
Desmembra-se de Monte Santo o território do Cumbe, no sertão baiano. A sua criação remonta à Lei Provincial de número 253 e surge do núcleo de povoamento na fazenda de Antônio Francisco e Souza Reis, popularmente major Antônio, anteriormente habitado por índios Kaimbés, da tribo dos Tupiniquins. (Torna-se definitivamente autônomo em 1933 e passa a chamar-se Euclides da Cunha, em homenagem ao escritor homônimo que por lá passara no final do século, registrando, como repórter, a Guerra de Canudos).
Realizando uma retrospectiva dos fatos ocorridos no ano anterior, o Diário da Bahia destaca a Guerra de Canudos e a forte influência dos monarquistas da capital federal, os quais, segundo o jornal fonte, teriam sido responsáveis pelo fornecimento de armas e dinheiro aos conselheiristas.
No Conselho Municipal de Salvador, discute-se a cobrança de uma taxa para a coleta do lixo, sobretudo nas áreas comerciais.
A desordem no sertão continua, sobretudo na região de Poções e Vitória
da Conquista. Setores da população da região têm consciência de que de nada adiantará o governo mandar tropas para combater os bandidos, pois os “coronéis” são os principais causadores da desordem. A disputa política na região é acirrada e a fraude nas eleições, uma prática comum.
Campos Sales é eleito presidente da República, assumindo o cargo em 15 de novembro.
Manoel Vitorino Pereira deixa a presidência do Senado Federal. No exercício desse cargo, que se constitui no primeiro na linha de sucessão do presidente da República, chegou a governar o país por cerca de quatro meses, de novembro de 1896 a março de 1897, em decorrência de enfermidade do presidente Prudente de Moraes.
Severino Vieira é nomeado ministro da Viação pelo presidente Campos Salles.
O Instituto Geográfico e Histórico cria a Comissão Histórica Braz do Amaral, com o objetivo de estudar a campanha de Canudos, do ponto de vista histórico, político, jurídico, militar e religioso.
A Associação Comercial lança um manifesto solicitando a intervenção do governo no jogo do bicho, afirmando que cabe ao estado e à polícia a erradicação de tal prática, “que prejudica e marginaliza parte da sociedade baiana.”
É grave a crise financeira que o país atravessa: os preços encontram-se elevadíssimos, o comércio marca passo. A situação cambial é preocupante, já que o governo federal gasta dois terços da receita nos compromissos com a despesa pública, pouco investindo em obras nos estados.
Balanço realizado pela imprensa na data do segundo aniversário do governo Luiz Viana destaca a pacificação do sertão.
O Senado Estadual aprova a construção de mais seis usinas de açúcar no estado, o que provoca reação e críticas da sociedade baiana, que entende ser prioritária a produção de alimentos, escassos devido à seca, o que obriga o governo a proceder à importação de tais gêneros.
Funcionários da Delegacia Fiscal reclamam de atraso no pagamento dos seus salários.
O presidente eleito, Campo Sales, de passagem por Salvador em retorno da Europa, para onde se deslocou logo após a eleição, para contatos com banqueiros internacionais, demonstra apreensão com a atual situação cambial do país.
Forte seca castiga o estado, provocando manifestações da população da região Centro-Oeste, que requer providências ao governo. Os produtos somem das feiras livres, os preços disparam. A situação da agricultura é preocupante, já que, além da seca, a produção de gêneros alimentícios é escassa, obrigando o governo a adquirir alimentos em outros estados. A região de Santo Amaro também é castigada, as propriedades agrícolas são fechadas e o gado definha à mingua de pastagens e água.
O jornal Diário da Bahia publica uma carta assinada sob o pseudônimo “Camisão”, com uma reflexão sobre as condições de vida do sertanejo que abandona sua terra e vai tentar a vida nos centros urbanos, forçado pela seca. “Sugando vidas (…) O sertanejo, tendo no pensamento a esperança e no coração a saudade do seu berço, das terras que cultivou (…) tudo abandona, se o não pode vender, e, em uma sacola enfiada em um dos ombros, onde leva tudo o que não devia ficar, à testa da pequena caravana, carregando alternadamente as crianças quando choram de cansadas, vai, quase sem destino, cada vez mais com o coração lanceado de dores, vendo por toda a parte a mesma miséria, por todos os lados a mesma vegetação ressequida, a mesma terra crestada, sem água para aliviar-lhe a sede, sem pão para Ihe matar a fome, confiando não sabendo mesmo em quê, e tendo, para sustentar-lhe as forças, o espírito, o coração, a vida, a constância da mulher que consigo reparte as alegrias e as dores da família (…)”
“A farinha está tão cara
Como antes da providência…
Será culpa do Conselho
ou será da Intendência?”
A especulação e exploração no preço da farinha de mandioca e do charque, produtos muito consumidos, contribuem ainda mais para o flagelo dos menos favorecidos. O Conselho Municipal vota medidas para amenizar a crise.
Notícias chegadas de Ilhéus dão conta de que o inspetor de higiene solicita providências às autoridades do estado para o combate à varíola, que ali já se manifesta com grande intensidade.
Continuam as reclamações dos professores de alguns municípios acerca do atraso no pagamento dos seus salários.

Interior do Museu Histórico de Canudos – Açude de Cocorobó.
A situação de sujeira da cidade, embora amenizada com a verba para resolvê-la, ainda é tema para Zé Marmelo:
“P’ra o lixo, que assoberbava,
veio a verba salvadora.
Mas creiam que eu não pensava
Que a terra de piaçava
Não tivesse uma vassoura.”
A varíola continua se alastrando pelo interior, atingindo agora a cidade da Barra, no oeste do estado.
O rumoroso julgamento do escritor naturalista francês Émile Zola não passa despercebido na Bahia. Logo no seu início, a imprensa lhe dedica editorial, e chega a ser fundado o Club Émile Zola, para dar ânimo ao escritor.
O médico Nina Rodrigues, catedrático da Faculdade de Medicina, e agraciado com o título de sócio correspondente da Societé Médico-Psychologique de Paris.
Os jornais começam a veicular classificados para serviços domésticos. A elite baiana está preocupada com a dificuldade de mão de obra no setor e já recorre ao chamamento pela imprensa.
A imprensa denuncia a presença de duas crianças provenientes de Canudos, em estado de semiescravidão nas mãos de um praça do 16º Batalhão, que as espanca continuamente.
Ante a precariedade da iluminação pública na capital, com grande número de combustores apagados, o Diário da Bahia publica os versos:
“É justo que os candeeiros
Se conservem como estão
Até ver se conselheiros
Fazem luz sobre a questão
Creio já não há quem ouse
Dar ao gás convalescença
Mata-o a arteriosclerose
Que é toda a sua doença”
(Zé Marmello)
A Santa Casa de Misericórdia comunica que qualquer sepultamento no cemitério do Campo Santo, em Salvador, só poderá se realizar mediante a apresentação da Guia da Repartição Central, certificado fornecido pelo escrivão de paz.
Inaugurada a Companhia de Seguros Sul América, em uma das salas da Associação Comercial.