Governador:
Joaquim Manoel Rodrigues Lima
Presidente da Assembleia Geral:
Cícero Dantas Martins
Presidente do Tribunal de Justiça:
Luiz Viana
Aos poucos, a República vai se afirmando como o arauto de melhores dias para o povo brasileiro. Anuncia-se, por exemplo, a descentralização administrativa em favor das províncias, providência que a Monarquia sempre se recusara a adotar.
Irrompem denúncias no jornal Diário da Bahia contra o governo de Manoel Vitorino, o qual é acusado da celebração de diversos contratos irregulares, sendo citada a aquisição de material para a Guarda Cívica com preços superfaturados, inclusive de automóvel de luxo, e a contratação com uma instituição para a exploração de loterias, considerada lesiva ao estado. Este contrato é ainda criticado por exploração da boa-fé das pessoas, principalmente a constituir-se em mais humildes, que já dispondo de poucos recursos acabam por contrair dívidas com o objetivo de tentar a sorte no jogo lotérico, descuidando-se do pagamento de seus tributos.
É no período da Primeira República que o coronelismo consolida todo o seu domínio sobre a máquina estatal. Os funcionários do estado concedem favores à sua clientela de coronéis em troca de votos, obtidos por meio das mais variadas práticas de fraudes nas urnas eleitorais. Os coronéis controlam não só a eleição dos juízes, como também nomeiam os chefes de polícia local, garantindo a impunidade dos crimes cometidos pela facção no poder, limitando e sufocando a ação da oposição. Em geral, são latifundiários, mas existem também os coronéis comerciantes, burocratas e até mesmo padres. Normalmente possuem bandos de capangas, utilizados como meio de coação e sujeição, e exercem o poder por meio do sistema de clãs e de alianças.
Do cidadão José Baldoíno de Oliveira (intendente de Andaraí) chega carta à imprensa, em que demonstra apreensão frente ao quadro que se desenrola no povoado de Xique-Xique, afirmando temer um derramamento de sangue, a exemplo do ocorrido em Campestre, por parte dos mesmos bandidos que atacaram as Larvas Diamantinas, com grande morticínio. Sugere, ao final, a participação no episódio juiz Arlindo Leoni, da confiança do governador Rodrigues Lima, ao qual solicita providências, como forma de demonstrar sua isenção.
Carta de um magistrado de Alagoinhas é divulgada pela imprensa, na qual denuncia manobra política da facção de Luiz Viana: a convocação de um suplente do Conselho Municipal, cujo voto deverá favorecer o candidato de sua preferência para a presidência daquele colegiado. Como os ânimos se exaltaram ante tal atitude, tomara a deliberação de chamar a polícia para que a sessão transcorresse tranquila.
No jogo político é muito comum a prática de fraudes eleitorais no estado, apelidada pelo povo de bicório, ou seja, de pena, que consiste em alterar as atas substituindo os nomes dos votados.
“O bico de pena.
Dos velhos nos tempos mores
Só se elegiam por votos
Deputados, acuadores;
Mas do tempo os mercadores
Das causas mudaram a scena
Ninguém pede; hoje se ordena;
E dos Lycurgos as turmas,
Em vez de virem das urnas
Nos vem dos bicos de pena.”
(Dr. M. Bolívar, maio/1894,
epigrama satirizando o processo eleitoral)

O ex-governador José Gonçalves da Silva, chefe do Partido Federalista, apresenta-se ao eleitorado baiano, em campanha para o Senado, na eleição marcada para 1º de março. Diz-se federalista, partidário convicto do presidencialismo e manifesta apoio ao governo da União contra as revoltas que assolam o país, a exemplo da Revolução Federalista.
É criado, na comarca de Monte Santo, mais um batalhão de infantaria do serviço ativo, com quatro companhias e a designação de 179º. É também reorganizada a guarda nacional da comarca de Jeremoabo e criado um batalhão de infantaria na comarca de Serrinha.
O governador Rodrigues Lima é comunicado de decisão do ministro do Interior, de que o governo federal revogara a proibição de entrada na Bahia de imigrantes procedentes de Portugal (a proibição ocorrera devido ao medo de propagação da cólera).
São realizadas no estado, em 4 de novembro, em clima de muita tensão, eleições para a Câmara dos Deputados e preenchimento de um terço do Senado.
O governo estadual abre concorrência pública para a execução do plano de viação férrea do estado.
Na freguesia de Muritiba, são registrados muitos arrombamentos a templos, relojoarias e residências, fato que vem amedrontando os moradores. O último alvo foi a igreja do Bonfim, que amanheceu arrombada.
Os moradores do subúrbio do Rio Vermelho, em Salvador, encaminham várias solicitações aos poderes competentes, objetivando a realização de melhorias naquele logradouro, que afirmam ser um local de incontável beleza.
Surge o primeiro número da Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, publicação trimestral de caráter técnico-científico.
Começa a publicação, na cidade de Valença, do periódico O município, de propriedade de Érico Lobão, que defende a bandeira do Partido Republicano Constitucional.
Volta a ocorrer a lavagem das escadarias da igreja do Bonfim, em Salvador. A imprensa registra a festa como um acontecimento “pacífico”, graças ao enérgico desempenho da força policial, que procurou tomar medidas preventivas. Conta-se que, na primeira lavagem, teve como motivo o pagamento de uma promessa por parte do cidadão Sabino Manoel dos Santos. Em visita ao terreiro de Bernardino, famoso pai de santo, Sabino afirmou que, caso se curasse de uma enfermidade nas pomas, levaria água da fonte da Pedra Furada para lavar a escadaria da igreja. Como realmente veio a se curar, adquiriu um jumento e, utilizando quatro barris com água, juntamente com as filhas de santo de Bernardino, cumpriu a promessa. No ano seguinte, a prática se repetiu, desta vez pelo pessoal de Manezinho, outro famoso pai de santo da época, e daí em diante se firmaria na tradição popular.