Bahia de Todos os Fatos

...1900 - 1909...

Grande incêndio atinge a cidade baixa

Governadores:
José Marcelino de Souza
João Ferreira de Araújo Pinho
Presidentes da Assembleia Geral:
José Cupertino de Lacerda
Leopoldino Tantu
Presidente do Tribunal de Justiça:
Bráulio Xavier da Silva Pereira

Araújo Pinho é eleito governador da Bahia pelo voto popular, exercido em plena liberdade e com todas as garantias. A população sai às ruas em passeata, precedida de músicos, em regozijo pela estrondosa vitória do Partido Republicano.

A vitória de Araújo Pinho é contestada por Severino Vieira, que busca uma intervenção federal para que seja proclamado governador o seu aliado Joaquim Tosta. 

O Supremo Tribunal Federal reconhece e proclama Araújo Pinho, eleito pelo voto popular, governador do estado.

Toma posse o novo governador do estado, João Ferreira de Araújo Pinho, para o quatriênio de 1908 a 1912. Consciente das dificuldades financeiras do estado, adota como lema de governo o slogan “menos política e mais administração”.

A seca castiga o sertão da Bahia. As populações flageladas clamam às autoridades governamentais por ajuda para suportar os dias difíceis. O sertão necessita de escolas e de meios de comunicação; sem estradas de ferro, afirma-se, continuará sendo o que é: uma região de prodigiosas riquezas com um povo pobre, sem futuro e sem vida.

O açúcar, após um período de crise, passa por um momento de valorização, graças à intervenção governamental.

A imprensa denuncia o estado de abandono em que se encontra Salvador: “esperamos que o novo governo cumpra a sua missão de zelar pela beleza e a salubridade das ruas da cidade, tornando-a digna de seu povo e de sua cultura”.

As moléstias infecciosas proliferam no estado, requerendo do governo esforços urgentes para controle e extinção dos focos.

Apesar de o governo de o estado haver anunciado a extinção da peste bubônica, ela persiste em Salvador, gerando intranquilidade na população, já que em todos os cantos da cidade estão a aparecer novos casos. 

Os casos de tuberculose na Bahia vêm aumentando assustadoramente, causando preocupações ao governo do estado e à população. Na penitenciária do estado, surgem também casos de beribéri.

A imprensa denuncia ainda que “a água que abastece Salvador, além de ruim, é escassa e não satisfaz a população”. “Os alimentos, além de caros, são de péssima qualidade, requerendo uma fiscalização sanitária rigorosa. A carne verde é vendida em tabuleiros expostos nas ruas, sujeita à poeira e à decomposição pelos raios solares”.

A intendência municipal proíbe o transporte de pães em sacos, por serem anti-higiênicos. O fato provoca a reação dos proprietários de padarias, que ameaçam deflagrar greve. A intendência recua, estabelecendo o prazo de alguns dias para que se providencie uma melhor forma de se realizar a condução do produto.

O município de Salvador, ainda segundo denúncias da imprensa, apresenta um grave caso de desorganização financeira, decorrente de gestões anteriores, requerendo “a necessidade de reorganização como uma questão de probidade administrativa e dignidade cívica”.

Ocorre um incêndio de grandes proporções na Cidade Baixa, alastrando- se pelas ruas e deixando várias pessoas feridas. A Associação Comercial da Bahia realiza conferência na Câmara Municipal, com o objetivo de reorganizar o serviço de extinção de incêndios em Salvador. Os governos do estado e do município prometem apoiar a ideia e auxiliar no que for possível. 

Fato inusitado: apesar de inauguradas, com grande pompa, as docas do Porto de Salvador, as obras não estão concluídas, arrastando-se com grande morosidade. Somente após a intervenção do ministro Miguel Calmon, as obras retomam seu ritmo normal.

A imprensa chama a atenção para a cidade de Lençóis, “onde Sisínia, tida como feiticeira, vem conseguindo criar um número considerável de fanáticos. Sendo assim, é necessária uma intervenção do governo nos negócios de Lençóis, a fim de que não se tenha dentro do estado um novo Canudos”.

Comemora-se o 97º aniversário de fundação da Associação Comercial, “uma instituição que tem trazido grandes benefícios ao desenvolvimento comercial do estado”.

Causa protestos e indignação “a atitude insolente e estúpida agressão, provocada pelo engenheiro francês que trabalhava nas obras do porto, em rasgar a bandeira da Bahia e a pisotear violentamente. Foi aberto inquérito para apurar a veracidade do fato, que tanto abalou nossa capital”.

Realiza-se grande festival em prol da construção de um monumento ao poeta dos escravos, Castro Alves.

Depois de uma pintura geral, o Teatro São João é reinaugurado com um cinematógrafo permanente.

Surge o Cinema Excélsior, no Rio Vermelho, apresentando com grande sucesso os lançamentos das fábricas de filmes Eclipse, Edson, Phaté Frères, E. Clair e Casas Gaumont. Os temas mais comuns são vistas exóticas, esportes e trechos de comédias. Outros cinematógrafos instalados na capital são o das Sete Portes, o de Itapagipe, e o Luminoso, na rua Marechal Floriano.

Cresce o número de casas de jogos em Salvador, apesar da campanha repressiva da polícia.

É comemorado com grandes festas o primeiro centenário da Faculdade de Medicina da Bahia, a primeira em ensino médico no país.

A Bahia expõe seus produtos, alcançando grande sucesso, na Grande Exposição Nacional, realizada na capital da República, e ganha prêmio com suas deliciosas frutas.

Elevador Lacerda, Salvador.

Elevador Lacerda, Salvador.

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