Governador:
João Ferreira de Araújo Pinho
Presidente da Assembleia Geral:
Manoel Leôncio Galvão
Presidente do Tribunal de Justiça:
Bráulio Xavier da Silva Pereira

O governador Araújo Pinho, representado por Miguel Calmon, contrai empréstimo em Paris, no valor de um milhão e oitocentos mil libras, a juros de 5% semestrais e amortização em 50 anos, operação considerada pela imprensa como “audaciosa e corajosa”, tendo como garantias uma parte disponível do Imposto de Exportação sobre o fumo, o cacau e o café. Com esses recursos, regularıza o pagamento dos vencimentos do funcionalismo público, que se encontrava em atraso, e dos demais credores do estado, destinando, ainda, uma parcela à aplicação no setor de transportes, nos serviços de navegação e ferrovias.

Rui Barbosa visita Salvador como candidato à Presidência da República. Prossegue com a campanha civilista por todo o Brasil, posicionando-se contra a volta dos militares na política republicana.

J.J. Seabra também se encontra em campanha, em favor da candidatura Hermes da Fonseca. Chegando a Salvador, ao desembarcar na ponte da Navegação Baiana, é recebido com grande alarde pelos seus seguidores, seguindo em cortejo pelas ruas da cidade. Prossegue em campanha pelo interior do estado, registrando-se um incidente no município de Castro Alves, onde um grupo de indivíduos armados lança provocações à caravana, impedindo, inclusive, a realização de um comício. Seabra telegrafa ao governador Araújo Pinho solicitando providências e, não encontrando resposta, rompe as relações de cortesia que mantinha até então com o governador, a quem passa a atribuir a responsabilidade pelo incidente.

As eleições são realizadas sem maiores conflitos. A candidatura Rui Barbosa é vitoriosa no estado, mas, na cidade de Salvador, onde Seabra detém grande popularidade, sai vencedor do pleito o marechal Hermes da Fonseca, que ganha também a eleição a nível nacional, sob a contestação do candidato derrotado, Rui Barbosa, que se proclama vencedor. Hermes da Fonseca é proclamado presidente do Brasil para o período 1910-1914.

Nasce o Partido Republicano Democrata (PRD), tendo como presidente J.J. Seabra, independente dos interesses do Partido Republicano Baiano (PRB), comandado por Severino Vieira.

O PRD realiza grande festa para inauguração solene do órgão oficial do partido, a Gazeta do Povo.
Seabra é nomeado ministro da Viação.
É sancionada a nova lei eleitoral, que regulamenta as eleições estaduais e municipais.

“A folha oficial
Deu hoje a nova lei eleitoral
Agora sim! O voto delibera
E toda gente espera
Que, no apurar da próxima eleição
Não seja eleito um só… da oposição”

(Lulu Parola. Jornal de Notícias)

Greve na Companhia de Viação Geral da Bahia. Os trabalhadores, insatisfeitos com as condições de trabalho, em luta por melhores condições de vida, paralisam suas atividades.

Outra greve é deflagrada, dessa vez pelos operários da Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco, em solidariedade a dois de seus companheiros punidos. O objetivo dos grevistas é a anulação das punições, o que acabam obtendo e encerram a greve.

A irregularidade no abastecimento de água de Salvador é denunciada pela imprensa, acolhendo protestos dos usuários contra a cobrança da água “do mês inteiro” pela intendência municipal, quando o serviço “é extremamente irregular”.

É instalada agência do Banco do Brasil em Salvador, que passa a funcionar provisoriamente numa das salas do grande edifício da Associação Comercial, na Praça Conde dos Arcos.

O Instituto de Proteção e Assistência à Infância traz a público as dificuldades que enfrenta para manter-se em funcionamento, e lança campanha de donativos às autoridades civis e ao povo em geral.

É inaugurada com grande recepção a Maternidade da Faculdade de Medicina.

Xavier Marques, romancista baiano, publica O sargento Pedro. Em suas páginas, retrata o heroísmo dos itaparicanos na luta pela independência política do Brasil.

Chega a Salvador o paquete alemão Blucher, vindo dos Estados Unidos, repleto de turistas estrangeiros para o Carnaval. De Ilhéus, com a mesma finalidade, chegam 400 turistas, a bordo dos vapores Muquy, Carolina, Santa Cruz e Murupy. E a festa deste ano é esplêndida, com os grandes clubes apresentando magníficos préstitos, contando, ainda, com a estreia do Cavalheiros do Amor, cujo carro-estandarte reconstitui um templo de Vênus. O Fantoches da Euterpe homenageia o transporte marítimo; o Cruz Vermelha traz como temas “O cortejo das ninfas”, “O loiro Apolo” e “O mar”. O Inocentes em Progresso faz uma “Saudação à Bahia Fidalga”, sagrando-se campeão. 

São inaugurados mais seis cinemas na capital: o Cinema Central, na Praça Castro Alves, o Ideal, no Largo do Papagaio, Popular, em Itapagipe, o Castro Alves, no Largo do Carmo, o Recreio Fratelli Vita e o Bijou Theatre, no Bonfim.

A intendência municipal da cidade do Salvador solicita ao ministro da Fazenda a demolição do velho e arruinado Edifício da Alfândega, vizinho ao Elevador Lacerda, a bem do embelezamento do bairro comercial.

São constantes os conflitos entre invasores de terra e índios do território de Gongoy, localizado à direita do rio de Contas e à esquerda do rio Pardo. A imprensa cobra providências enérgicas do governo do estado, para coibir a ganância desses invasores de terras.

Grande número de pessoas assiste, com maravilha e assombro, a um inesquecível espetáculo no céu: a passagem do cometa Halley.

Prédio na Praça da Sé, Salvador.