Governadores:
José Joaquim Seabra
Presidente da Assembleia Geral:
Frederico Costa
Presidente do Tribunal de Justiça:
Pedro Ribeiro de Araújo Bittencourt
Seabra se licencia do cargo de governador da Bahia para candidatar-se a vice-presidente da República, na chapa de Nilo Peçanha, pela chamada “reação republicana”, formada pelos estados descontentes com a candidatura de Arthur Bernardes. Percorre o Brasil de norte a sul em campanha política.
A eleição para presidente transcorre normalmente na capital e no interior do estado. A chapa Nilo Peçanha e Seabra vence no estado, mas Arthur Bernardes é eleito presidente do Brasil. Extremamente impopular nas áreas urbanas, contestado pela rebeldia dos tenentes, governa tendo de recorrer a seguidas decretações de estado de sítio.
Seabra reassume o governo do estado, após dez meses de licença remunerada para cuidar da campanha à vice-presidência.
Com o falecimento de Urbano dos Santos, vice-presidente da República, Seabra se acha no direito de ocupar a vaga por ter sido o segundo mais votado. Impetra e obtém habeas corpus, que é cassado pelo Supremo Tribunal Federal, por sete votos contra cinco.
É votado o estado de sítio no país, com o apoio do conselheiro Rui Barbosa, que, apesar de doente, comparece ao Senado. A medida é justificada pela necessidade da “defesa das instituições ameaçadas e em apoio ao poder constituído”. Em discurso no Senado, após haver se posicionado a favor da decretação do estado de sítio, Rui Barbosa também se justifica de uma aparente contradição nas suas convicções, dizendo que, naquele momento, a medida se tornava necessária para “a defesa da legalidade e da República”.
É sufocada, no Rio, a revolta do Forte de Copacabana. Seabra, que na Bahia a apoiara, reaparece, após haver-se foragido por algum tempo e é chamado a depor, sendo liberado sem maiores incômodos.
Medo no Legislativo: deputados e senadores estaduais telegrafam a Seabra, prestando-lhe solidariedade, mas poucos assinam a moção aprovada por unanimidade, a qual fica conhecida como “moção medrosa”.
Novamente chamado a depor na polícia, Seabra defende-se, viajando em seguida para o Rio. Em decorrência de haver-se recusado a receber comendas oferecidas pelo presidente de Portugal, é felicitado pelo Centro Nacionalista de Niterói.

“O pão… amargo! Tão pequeno e tão caro!
Os oposicionistas baianos Rui Barbosa, Miguel Calmon, Álvaro Cova e os irmãos João e Otávio Mangabeira, reunidos em São Clemente, no Rio de Janeiro, resolvem organizar um partido na Bahia, sob a liderança de Rui Barbosa, que preside a reunião.
Para confrontar a liderança que o governador Seabra exerce sobre a política baiana, o presidente Arthur Bernardes nomeia o deputado oposicionista Miguel Calmon para o Ministério da Agricultura.
Manoel Alcântara de Carvalho é eleito para a Câmara dos Deputados por indicação do coronel Horácio de Matos, em decorrência do compromisso assumido no acordo de pacificação que pôs fim aos conflitos sertanejos. Sua postura política independente passa a incomodar, e ele acaba por sofrer uma tentativa de assassinato em Lençóis.
A capital da Bahia hospeda, durante algumas horas, a família imperial brasileira, que, a bordo do paquete “Curvello”, viajava de Cherbourg (França) para o Rio de Janeiro, a fim de assistir às comemorações do centenário da Independência. A convite do governador, o ex-imperador D. Pedro de Alcântara, esposa e filhos se encantam, em passeio, com o Farol da Barra, o Rio Vermelho, o Terreiro de Jesus e a igreja de São Francisco.
Naufraga o saveiro “Dois de Julho”, que conduzia pescadores baianos ao Rio de Janeiro para as comemorações do centenário da Independência. O acidente se verificou à altura de Abrolhos, mas a tripulação foi salva pelo vapor Itapurá.
O centenário da morte de Joana Angélica é comemorado com vasta programação organizada pelo Instituto Histórico.
O Congresso Nacional aprova o projeto de Xavier Marques propondo a criação de marco simbólico em Santa Cruz de Cabrália, onde aportou a esquadra de Cabral na época do descobrimento.
É publicado decreto que estabelece o sistema de defesa do litoral brasileiro, com cinco bases navais e um porto militar. Uma dessas bases será instalada na Bahia.
A Capitania dos Portos tenta acabar com a pesca a dinamite, muito generalizada, distribuindo prepostos pela costa, para fiscalização e prisão imediata de infratores à lei da pesca.

O pobre chefe de família amarrado ao tronco de seu martírio, lanceado de traspassantes setas, mal tem forças de murmurar:
— O preço da vida… Mas, para quem apelar?
Luta sangrenta em Cachoeira: conflito entre o juiz e o dr. Ubaldino de Assis, que se queixa do indeferimento de petição de sua autoria se requerendo direito de votação em cartório. A cidade se enche de jagunços, que entram em luta com a polícia. O governo do estado envia reforços.
Devido à desvalorização do câmbio após a guerra, o governo da Bahia é forçado a aumentar os impostos para equilibrar a arrecadação do estado, gerando enorme crise no comércio e provocando inúmeras falências. Os comerciantes vão à Justiça contra o imposto estadual sobre o consumo.
O jornal A Tarde organiza a Liga de Defesa dos Pequenos Credores do Estado, presidida pelo advogado e jornalista Odilon Santos.
O governo do estado atrasa por quatro meses o pagamento do funcionalismo da capital, inclusive a polícia, enquanto, no interior, esse atraso chega a 10 meses. Até os deputados estaduais, aos quais não foi paga sequer a ajuda de custo, reclamam do secretário da Fazenda Manuel Duarte, acusando-o de má vontade para com a Assembleia. A agiotagem cresce no estado.
A Câmara dos Deputados passa muitos dias sem reuniões, por falta de quórum. Os deputados faltosos recebem circular do presidente, João de Deus Ramos, convidando-os a comparecer ao trabalho.
O geólogo inglês Herbert Wain constata a existência de grandes jazidas de alumínio na Serra do Sincorá.
A intendência municipal de Salvador manda fechar e trancar as máquinas geradoras de gás e os milhares de lampiões que iluminavam a cidade, alegando a sua inutilidade; no entanto, o fornecimento da energia elétrica ainda é falho, e a população reclama.
Em Andaraí, eclode greve dos empregados do telégrafo, devido a atraso do pagamento dos salários, o que atrasa correspondência por quase vinte dias.
Registra-se queda na produção de algodão na Bahia. Com o título de Salão Paulista, é inaugurada, no térreo da Associação dos Empregados no Comércio, a primeira casa de polidores de calçados, para concentração de engraxates, já que a administração municipal proibira o trabalho disperso pela cidade.
Incêndio violento ocorre na Conceição da Praia, com a destruição total do Mercado Modelo.
É inaugurado em São Félix, pelo Departamento de Saúde Pública, o primeiro posto de profilaxia no interior, com a presença de autoridades e conferência do médico Sebastião Barroso.
Muitos registros de peste bubônica no interior do estado, principalmente em Feira de Santana, São Gonçalo, Patrocínio do Coité, Serrinha, Vila Nova da Rainha e Campo Formoso. Critica-se o descaso do governo.
Há notícias de vítimas fatais da febre amarela em São Félix e no Corredor da Vitória, na capital.
O coronel Hermelino de Assis, intendente de Belmonte, solicita do governo o envio de especialistas para estudo da terrível “peste de queima” que assola as plantações de cacau.
Acidente com o paquete Caxambu, que viajava para a Bahia trazendo grande quantidade de dinamite e munição nos porões. As explosões ocorrem a cem milhas de Abrolhos, provocando incêndio de 4 horas de duração, sem vítimas fatais, mas provocando surdez em algumas pessoas em consequência dos estampidos.
Na capital, Moysés de Souza e Adoil Siqueira, um o inventor do processo e o outro interessado nas experiências, testam em automóveis o álcool como combustível, substituindo a gasolina, e convidam a imprensa e autoridades para assistirem à prova.
A baiana Marieta de Castro Rabello Mendes, poetisa e escritora, é a primeira mulher admitida no Itamaraty.
Realiza-se, com grande assistência, a primeira extração da loteria da Bahia, sob a concessão de La Porte & Cia.
De acordo com dados levantados pelo censo de 1922, a Bahia ocupa o 3º lugar no Brasil em números de habitantes, cabendo o 1º lugar ao estado de Minas Gerais e o 2º a São Paulo.