Bahia de Todos os Fatos

...1940 - 1949...

Mulheres se mobilizam em apoio aos soldados da FEB

Interventores:
General Renato Onofre Pinto Aleixo
Presidente do Tribunal de Justiça:
Oscar Pinto de Souza Dantas

O Brasil entra verdadeiramente na guerra, com o desembarque na Itália, especificamente em Nápoles, de soldados da Força Expedicionária Brasileira.

Realiza-se em Salvador o desfile do primeiro contingente de combatentes que a 6ª Região Militar vai enviar ao front, integrando o Corpo Expedicionário Brasileiro.

Baianos fora das forças regulares vão entrando “no clima” da guerra e começam a se sentir atraídos por ela. Afinal, trata-se de lutar pela democracia, e os voluntários já chegam a 600, entre os quais muitos comunistas.

As mulheres baianas da chamada alta sociedade mobilizam-se em atividades destinadas a apoiar o brasileiro em luta. Organizam a Campanha do Agasalho, recolhendo meias e suéteres de lã para os brasileiros que enfrentam o frio “do rude inverno europeu”, e instalam a Cantina do Combatente, no Belvedere da Sé, sob a direção da Legião Brasileira de Assistência, com o fim de angariar fundos para os dias de guerra. Ali, praças convocados, e bem comportados, recebem refeições, cigarros, fósforos, refrescos e leite. Há também jogos, rádio, vitrola e jornais.

Professorandas da Escola Normal da Bahia se oferecem como voluntárias para dar assistência aos brasileiros no front.

Outras voluntárias se engajam à Cruz Vermelha e, no seu hospital, têm a oportunidade de atender marujos do Brasil e da Marinha Mercante dos Estados Unidos.

A imprensa continua sob censura, e o Manifesto dos Mineiros, considerado primeiro pronunciamento público dos setores liberais, sai, de início, na clandestinidade. Com o envolvimento na guerra, a sociedade civil impõe mudanças administrativas ao Estado Novo, que vai afrouxando a censura e concedendo indultos.

Rampa do Mercado “... no pequeno Porto da Rampa do Mercado, onde vinham ancorar os saveiros, trazendo do Recôncavo passageiros e mercadorias.” (Pierre Verger. Retratos da Bahia)

Rampa do Mercado
“… no pequeno Porto da Rampa do Mercado, onde vinham ancorar
os saveiros, trazendo do Recôncavo passageiros e mercadorias.”
(Pierre Verger. Retratos da Bahia)

Na Bahia, várias inaugurações marcam as festividades comemorativas da data de aniversário de Getúlio Vargas.

Entra em vigor o decreto-lei que reforma a organização judiciária do estado.

O presidente da República assina decreto criando o Imposto sobre Lucros Extraordinários, para fazer frente às dificuldades decorrentes do estado de guerra.

Pela primeira vez é aprovada proposta de eleição direta para a diretoria da União dos Estudantes da Bahia.

O Departamento de Administração do Servidor Público (Dasp) proíbe inscrição de mulheres em um concurso para engenheiros de estradas. A imprensa critica a decisão.

Decreto-lei da prefeitura estabelece normas visando à extinção e à proibição da construção de mocambos e cortiços na cidade do Salvador.

Cresce a produção de álcool na Bahia, que deverá produzir ainda um milhão de sacas de açúcar neste ano, conforme expectativa da direção do Instituto do Açúcar e do Álcool.

Durante uma semana permanece nesta cidade o coronel José Carlos Barreto, presidente da Campanha Nacional do Petróleo, ocasião em que se reúne vasto material sobre o petróleo baiano.

É descoberto gás natural na região petrolífera de Aratu. O gás é encanado diretamente do poço para as caldeiras, por uma tubulação apropriada, como se fossem fogões a gás de uso doméstico.

Uma quadrilha internacional, disfarçada de marítimos, pratica roubos na cidade.

O general Renato Pinto Aleixo, interventor federal, o secretário de Segurança, representantes do Comando da IV Região Militar Naval do Leste, o secretário de Aviação e o acadêmico Paulo Silveira, presidente em exercício da UNE, formam a mesa que dirige os trabalhos da sessão solene de instalação do VI Congresso Estadual de Estudantes.

No VI Congresso Nacional dos Estudantes, é aprovada uma mensagem ao presidente Getúlio Vargas, na qual é cobrado o reconhecimento da União Soviética pelo Brasil.

O poeta Cuíca de Santo Amaro é detido, e seu livro Meu destino é pecar, nº 2, que traça a trajetória de golpes do advogado Antônio Carvalhal França, é apreendido.

Morre o maior industrial da Bahia, o comendador Bernardo Martins Catarino. Suas fábricas de tecidos empregavam cerca de três mil operários.

A obra Os Sertões, de Euclides da Cunha, é traduzida para o inglês por Samuel Putman, e recebe o título de Rebelion in Backlands. Recebe elogios do New York Times, sendo colocada ao lado de obras de Dostoiévsky, Cervantes e Victor Hugo.

Chega à Bahia o sociólogo e escritor francês Roger Bastide, professor da Faculdade de Filosofia de São Paulo, com a finalidade de pesquisar os costumes afro-brasileiros e escrever um livro sobre a Bahia. Acompanhado dos escritores Jorge Amado, Wilson Lins e James Amado, visita o candomblé do babalorixá João da Gomeia, o mais importante terreiro de rito angolano do país.

Morre o professor e engenheiro Américo Furtado de Simas. São de sua autoria obras de grande vulto no estado, como a instalação da hidrelétrica de Bananeiras, a construção do serviço de abastecimento de água das cidades de Cachoeira e São Félix, a instalação hidrelétrica do rio Jaguaripe, em Nazaré, e a urbanização do bairro de Monte Serrat, em Salvador.

Alcança grande êxito nos meios musicais carnavalescos do Rio de Janeiro o samba “Casaco de Bolero”, do compositor Dorival Caymmi.

A Comissão Estadual de Fiscalização de Entorpecentes realiza diligências no sentido de reprimir o uso da maconha, que vem se tornando um grande problema social no estado.

Com a presença do interventor Pinto Aleixo, são instalados os trabalhos do Tribunal de Apelação, que terá como presidente o desembargador Oscar de Souza Dantas.

“Volta Seca”, famoso cangaceiro do bando de Lampião, que se encontrava preso na penitenciária da Bahia, foge, serrando as grades da cela, mas é capturado em Sergipe.

É fundado o núcleo estadual da Associação Brasileira de Escritores, tendo Luiz Viana Filho como presidente e Jorge Amado como vice.

O esporte baiano se cobre de luto: morre Anísio Silva, que introduziu o futebol na Bahia.

O consultor da Oficina Sanitária Pan-Americana, Félix Pamela, declara que o Hospital das Clínicas da Bahia é um dos melhores do continente.

Morre o coronel Franklin Lins de Albuquerque, chefe político da região do São Francisco, integrante do grupo que perseguiu os rebeldes da Coluna Prestes. Era proprietário do jornal O Imparcial, periódico baiano que primeiro clamou (em 1941) pelo rompimento do Brasil com as potências do Eixo, e, também, o primeiro a defender, em 1943, o estabelecimento de relações diplomáticas com a União Soviética.

Com o esforço de guerra, adolescentes são iniciados na rotina pré-militar e é organizada a Juventude para a Defesa da Pátria. Um sargento é designado para cada escola com mais de 50 alunos entre 12 e 16 anos, para oferecer treinamento com armamento de infantaria.

Morre em ação, nos céus da Itália, o baiano Gustavo dos Santos, piloto da Força Aérea Brasileira (FAB).

O samba “Na Baixa do Sapateiro”, de Ary Barroso, que já alcançara fama internacional, é cantado por Bing Crosby no filme de Walt Disney Você já foi à Bahia?

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