Governadores:
Régis Pacheco
Antônio Balbino
Presidentes da Assembleia Legislativa:
Augusto Públio
Cícero Dantas
Presidente do Tribunal de Justiça:
Clóvis Leone
Governador Antônio Balbino
Tomam posse o governador eleito, Antônio Balbino, e o prefeito de Salvador, Hélio Machado.
Decreto do novo governo estadual prevê a demissão de milhares de funcionários do estado, atingindo todo o exercício de 1954, e suspende vantagens concedidas, inclusive o pagamento de serviços extraordinários e salários noturnos.
Na Assembleia Legislativa, o deputado Nathan Coutinho critica a cassação da autonomia dos municípios brasileiros, voltando-se, principalmente, contra o Supremo Tribunal Federal, a quem acusa de declarar a nulidade de leis estaduais “sem qualquer consideração sobre as circunstâncias que as envolvem”.
Estoura na Assembleia escândalo sobre o governo Régis Pacheco, acusação do desvio de 10 milhões de cruzeiros de empréstimo para a construção da Estrada de Ferro de Nazaré, e ainda da prática de favorecimento à Navegação Baiana e à Viação do São Francisco.
A Assembleia Legislativa aprova várias moções de apoio às medidas que assegurem o funcionamento das instituições democráticas em virtude dos acontecimentos político-militares na capital da República, com a inquietação dos quartéis pronunciando uma possível tentativa de golpe militar frente à já previsível eleição de Juscelino Kubitschek à Presidência da República.
Um duelo de verdade é o que se delineia no horizonte político, a partir da disputa entre o senador Juracy Magalhães e o proprietário do jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, Paulo Bittencourt. São do senador as palavras: “Exijo do sr. Paulo Bittencourt uma reparação pelas armas. Se ainda lhe resta um resquício de cavalheirismo, atenda ao meu desafio e marque local, dia e hora em que nos encontraremos no Uruguai”. O seu desafeto aceita o desafio e solicita que o senador indique testemunhas. A troca de insultos se deve ao artigo publicado pelo Correio, no qual o senador é chamado de moleque, pulador de galhos e furta-cor. A história não registra a ocorrência de nenhum duelo entre os dois, a não ser através das palavras…
Tumultua-se, mais uma vez, o processo político no Brasil, com as forças conservadoras tentando a todo o custo impedir a vitória nas eleições presidenciais da chapa da aliança PSD/PTB, integrada por Juscelino Kubitschek e João Goulart. No mês de setembro, o Congresso Nacional recusa projeto de emenda constitucional de parlamentares da UDN, que estabelecia a transferência da eleição presidencial para a Câmara dos Deputados caso nenhum candidato obtivesse a maioria absoluta de votos nas urnas. A mesma proposta, da mesma UDN, já havia sido rejeitada cinco anos antes, quando da eleição de Getúlio.
Em clima de grande tensão, realizam-se em 3 de outubro as eleições presidenciais no país, sob garantia das tropas do Exército. Juscelino Kubitschek, candidato da aliança PSD/PTB, sai vencedor do pleito, obtendo 3.077.411 votos (36% do total), seguindo-se Juarez Távora, com 2.610.462 votos (30%), Adhemar de Barros, com 2.222.725 (26%) e Plínio Salgado, com 714.379 (8%). Para vice, João Goulart alcança quase 3.600.000 votos, mais de 200.000 de vantagem sobre Milton Campos, o segundo colocado. A UDN, a princípio, tenta, sem sucesso, anular na Justiça as eleições, alegando corrupção eleitoral e a ilegalidade dos votos dados pelos comunistas – evidentemente impossível de se distinguir dos demais num sistema de votação secreta. Lacerda e outros setores udenistas passam a pregar abertamente o golpe militar, encontrando apoio em alguns chefes militares, principalmente os ministros Eduardo Gomes, da Aeronáutica, e Edmundo Jordão Amorim do Vale, da Marinha. Mas o general Henrique Lott, contrário a qualquer ingerência das Forças Armadas no processo, chefia o movimento que garantiria a posse dos eleitos.
“Agora dizem os golpistas
Que são loucos nos extremos
Os eleitos não tomam posse
Muita bala nós teremos
Isto, caro leitor,
Isto é que nós veremos”.
(Cuíca de Santo Amaro. A Vitória de J.J. ou a Vitória de um Morto)
As apurações demonstram que também os baianos preferem Juscelino e Jango.
No Rio de Janeiro, toma posse na Academia Brasileira de Letras o baiano Luiz Viana Filho, em solenidade das mais abrilhantadas por presenças ilustres dos vários setores da vida do país.
A Associação das Donas de Casa, em passeata da Praça da Sé ao Palácio Rio Branco, reunindo mulheres de todas as classes sociais, leva ao governo sugestões para a baixa dos preços.
Fato insólito na Maternidade Nita Costa, no Rio Vermelho. O médico de plantão, José Tavares, ao realizar um parto difícil, resgata um natimorto com 47 cm, 4 kg, duas cabeças, três pernas e três braços.
É aprovado projeto de lei criando o Banco de Fomento do estado.
O fechamento da indústria de charutos Danneman leva ao desemprego cerca de mil pessoas das regiões de São Félix e Muritaba e provoca a desorganização da economia local.
O palacete localizado ao lado do Palácio da Aclamação, em Salvador, ocupado pelo governo brasileiro na época da Segunda Guerra Mundial, após uma restauração é devolvido aos seus donos, passando a sediar o Consulado Italiano, a Fundação Dante Alighieri e a Casa d’Itália.
O cineasta Lima Barreto vem a Salvador, a fim de iniciar as filmagens de O sertanejo, novo filme ambientado no interior da Bahia.
A Academia Brasileira de Letras concede o Prêmio Larragolti ao professor Alberto Silva, catedrático da Universidade Federal da Bahia pelo trabalho A primeira cidade do Brasil.
O reitor Edgar Santos, da Universidade Federal da Bahia, tem seu mandato prorrogado por mais três anos.
Mais uma falência na indústria fumageira, desta vez a fábrica de charutos da firma Costa Pena, que emprega trabalhadores de Muritiba e São Félix.
Em Salvador, realiza-se o Ill Congresso Nacional de Turismo, com diversos eventos de lazer e exposição de trabalhos artísticos no Belvedere da Sé.
Um registro inusitado é o autógrafo a prego concedido pelo general e ex-ditador argentino Juan Domingo Perón no automóvel do tenente-aviador João Vicente, na Base Aérea de Salvador, na ocasião do seu pernoite em Salvador.
O desemprego torna-se inquietante no município de Alagoinhas, quando são dispensadas cerca de 300 pessoas em virtude do fechamento dos curtumes São Paulo e Santa Cruz.

Grupo carnavalesco Moradores de Bagdá fazendo grande sucesso no Carnaval da Bahia.
“Infelizmente a festa de Reis só descaracteriza, pois o que está previsto para hoje é a realização de festa profana, um grito de Carnaval”. Com este desabafo, o padre Francisco Torromacco, da paróquia de Lapinha, a mais dedicada à tradição dos ternos, lamenta a novidade introduzida.
É inaugurada pelo presidente Café Filho a Hidrelétrica de Paulo Afonso. Acionada a alavanca principal, as águas da cachoeira passam a movimentar os dois primeiros grupos geradores, com a produção inicial 120 kW.
O primeiro centenário de nascimento de J.J. Seabra é alvo de comemorações, promovendo-se, inclusive, a divulgação de dados da sua biografia política que o situam como uma figura perseguida politicamente no início da República (exilado em Cucuí) e, posteriormente, envolvida em todos os movimentos que, até a sua morte, empolgaram o país.

Governado Antônio Balbino
São comemorados os 55 anos da Fundação da Associação dos Empregados do Comércio, autêntica associação de classe, nascida de um movimento de protesto de caixeiros e comerciantes.
É fundado o Círculo de Cinema Experimental da Bahia, que se propõe a exibir filmes de notória importância na história da cinematografia mundial, em bases exclusivamente culturais.
O poeta Rodolfo Coelho Cavalcante organiza o l Congresso Nacional de Trovadores e Violeiros, tendo Cuíca de Santo Amaro como orador oficial na solenidade de abertura.