Governadores:
General Juracy Magalhães
Antônio Lomanto Júnior
Presidentes da Assembleia Legislativa:
Cristóvão Colombo
Orlando Spínola
Presidente do Tribunal de Justiça:
Adalício Coelho Nogueira
O plebiscito em que cerca de dez milhões de brasileiros dizem não ao parlamentarismo leva João Goulart ao efetivo papel de presidente. Por esmagadora maioria, o povo determina a volta do presidencialismo ao país. João Goulart organiza um novo ministério.
Em entrevista de cunho internacional, o presidente João Goulart afirma que “a crise brasileira poderá caminhar para um desfecho imprevisível, decorrente, há 15 anos, de um processo de espoliação por parte das grandes potências, que se enriqueceram às custas do nosso empobrecimento”.
Realizada, no Fórum Rui Barbosa, sessão especial da Assembleia Legislativa do estado, para o ato de posse do governador eleito Antônio Lomanto Júnior e do vice-governador Orlando Moscoso Barreto de Araújo. Na Câmara Municipal, em sessão solene, ocorre a posse do prefeito eleito de Salvador, Virgildásio Sena.
Muita repercussão em torno das perspectivas que se abrem para o estado e para Salvador, em virtude dos pronunciamentos dos dois mandatários eleitos. Enquanto Lomanto Júnior promete fazer da justiça social a marca da sua administração, o prefeito Virgildásio Sena garante que habitação e abastecimento serão suas maiores preocupações, encaminhando para exame da Câmara duas mensagens em que propõe a criação da Companhia de Abastecimento da Cidade do Salvador e da Companhia de Urbanização de Salvador.
Toma posse como ministro das Minas e Energia o ex-governador Otávio Mangabeira.
A demissão de Francisco Mangabeira da presidência da Petrobras provoca o pedido de demissão do seu pai, João Mangabeira, do Ministério da Justiça.
O ex-presidente Jânio Quadros visita Salvador, onde se avista com o senador Josaphat Marinho e os professores Milton Santos e Mário Piva, entre outros, em almoço no Hotel da Bahia.
É firmado convênio entre o governo do estado e o concessionário da imigração japonesa do Brasil, pelo qual virão para a Bahia, especialmente para os novos núcleos de colônia sediados em Candeias. Entre Rio e Vale do Paraguaçu, duzentas famílias de colonos japoneses.
Polêmicas das mais estéreis vêm se verificando na Assembleia Legislativa em torno da proposta de extinção da Fundação Otávio Mangabeira, o que vale dizer, do Hospital Santa Terezinha, voltado para assistência a tuberculosos. Salienta-se que o deputado proponente desconhece os altos índices da tuberculose da Bahia, que exigem, isto sim, não a extinção, mas a ampliação de unidades hospitalares.
Recebido no Aeroporto de Salvador por autoridades do governo estadual, correligionários e políticos, o ex-presidente Juscelino Kubitschek passa o dia na cidade, já em contatos políticos, objetivando sua candidatura à Presidência da República.
Morre o deputado estadual Adelmário Pinheiro, médico que exerceu vários cargos públicos até se eleger deputado em 1951. Na vida parlamentar, foi líder da bancada do PR, presidente da Assembleia Legislativa, secretário da Fazenda e, por último, era o líder da maioria.
O governador Lomanto Júnior e o prefeito de Salvador, Virgildásio Sena, em encontro no Palácio Rio Branco, instalam oficialmente a Campanha de Erradicação da Varíola na Bahia.
Na Assembleia Legislativa, subscrita por 35 deputados, é apresentada moção ao presidente João Goulart “pela nomeação do ilustre baiano e um dos valores morais da nova geração, Waldir Pires, para o cargo de consultor geral da República.”
O deputado Wilson Lins protesta na Assembleia Legislativa contra nomeação do ex-superintendente da Refinaria de Mataripe, Jairo Farias, para a diretoria da Petrobras, a qual vê como uma ameaça comunista. As denúncias do parlamentar contra a infiltração “comunista” na Petrobras provocam reação de outros deputados, que, aos gritos de “gorilas, gorilas”, tentam abafar as acusações.
O deputado federal Antônio Carlos Magalhães, presidente da UDN baiana, declara que “da liberdade de ação do ministro da Fazenda, Carvalho Pinto, dependerá a tranquilidade do país e até a permanência do sr. João Goulart na Presidência”.
A Assembleia Legislativa vive uma sessão de muitas gargalhadas quando o deputado José Alcântara declara que irá apresentar um projeto para denominar Salvador de “Buracolândia”, pelas condições em que se encontram as ruas da cidade.
É instalado o Seminário do Subdesenvolvimento, na Reitoria da UFBA, com discurso de abertura do governador Lomanto Júnior, de caráter tipicamente anticomunista. Trata-se de uma iniciativa da UNE, reunindo cerca de cinquenta delegações estudantis estrangeiras, muitas vindas de países do leste europeu.
Em visita à Bahia, o presidente João Goulart participa de diversas inaugurações, como a da Rodovia BR-116 (Rio–Bahia), considerada, do ponto de vista técnico, a melhor estrada construída no Brasil até então; em Salvador, prestigia a instalação da bomba de cobalto oferecida pelo seu governo ao Hospital do Câncer. O presidente comparece, na Piedade, à inauguração da sede do Sindipetro, o Sindicato dos Trabalhadores em Petróleo. Em Bom Jesus da Lapa, coincidindo com o período das romarias ao santuário, João Goulart inaugura barragem que leva o seu nome e que fornecerá energia a 36 municípios baianos. Na ocasião, o presidente pode testemunhar o ato de fé de centenas de pessoas, que entoam seus hinos e cânticos de louvor ao padroeiro:
“Romeiro, tu não te esqueças
de fazer tua oração,
na Lapa do Bom Jesus
lá no alto do sertão.”
Face ao ambiente de intranquilidade em que vive o país, presidentes de entidades que representam as classes produtoras do estado da Bahia telegrafam ao presidente João Goulart e aos três ministros militares, manifestando suas preocupações.
Dando um passo inicial para a realização da reforma agrária na Bahia, o governador Lomanto Júnior promove a desapropriação de fazendas no município de Candeias, para instalação de núcleos coloniais.
Na Assembleia Legislativa, o deputado Cristóvão Ferreira demonstra indignação contra o imposto cobrado pela prefeitura dos seus carros funerários, que conduzem gratuitamente os féretros de pessoas pobres.
Pela primeira vez, na Bahia, uma mulher preside sessão na Assembleia Legislativa: a deputada Ana Oliveira.
O presidente João Goulart anuncia a aplicação de 73 bilhões de cruzeiros no Plano Preferencial de Obras Contra a Seca. Previstos os açudes de Brumado, no rio de Contas, para produção de energia, e o de Cocorobó, reservado à irrigação de terras agricultáveis no alto sertão, ambos na Bahia.
É identificada a saída em massa de trabalhadores do cacau para São Paulo e Goiás, em busca de condições de vida. O êxodo, motivado pela seca que já reduziu a safra de cacau à metade, seria sistemático a partir de então.
A imprensa veicula o convite do Departamento de Turismo da prefeitura para que se inscrevam naquele órgão os proprietários de residências amplas que desejem hospedar turistas. Após a inauguração da Rio–Bahia, o fluxo nacional de turistas se deslocou para o Nordeste, sendo a Bahia muito procurada, mas sem oferecer ainda infraestrutura hoteleira para atender à demanda.
Em entrevista à imprensa, o professor Cláudio de Castro, do Instituto de Geologia da Universidade do Recife e da Universidade Católica do Recife, declara que a Bahia é repositório das maiores reservas minerais e das mais ricas formações geológicas do país.
A USAID e a Aliança para o Progresso, respectivamente agência e programa de ajuda econômica externa norte-americanos, interessados em financiar programas de colonização na Bahia, enviam representantes para, junto à Secretaria de Agricultura do estado, estudarem mecanismos de financiamento.
De acordo com o agrônomo Carlos Lobão Muniz de Souza, do Ministério da Agricultura, novo ciclo da borracha se abre na Bahia, graças às condições que o estado oferece a essa cultura, conforme comprovado em plantio experimental na região sul.
A Convenção do Sisal, realizada no município de Valente, deixa aprovada recomendação às autoridades para a criação do Banco do Sisal, que se destinaria exclusivamente ao financiamento de todas as atividades relacionadas à produção, comercialização e industrialização do produto.
Os trabalhadores de empresas vinculadas ao Sistema Geral de Previdência Social passam a receber o salário-família, correspondente a 5% do salário mínimo, por dependente.
A Cúria Diocesana, interpretando o pensamento do arcebispado de Salvador, reprova a visita do marechal Tito, dirigente comunista da lugoslávia, ao Brasil, em nota assinada pelo monsenhor Matta.
Registra-se grande afluência, a maior até então, à procissão de Corpus Christi, na capital. A reativação da fé, promovida pela Cruzada do Rosário em Família e pela “apreensão dos católicos em face da ameaça comunista”, faz deste um concorrido ato, presidido pelo bispo auxiliar dom Walfrido Vieira.
A Bahia católica reza unida na Praça da Se, na maior concentração já vista até então para esse fim. Trata-se do Rosário de Nossa Senhora, movimento de caráter mundial empreendido pelo padre Payton “com a finalidade de revigorar a fé cristã e fortalecer a unidade da família”.
É instalada na Bahia a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo, do Ministério da Educação.

Igreja de São Francisco, Salvador.
Constituindo-se no primeiro órgão dessa natureza a ser criado em todo o estado, instala-se em Itapetinga o Sindicato dos Trabalhadores na Lavoura do Município de Itapetinga.
A Academia de Letras de Ilhéus promove concurso para eleição do Príncipe dos Poetas e Prosadores, com grande resposta popular. Entre os poetas, Flávio de Paula é o mais votado, com 281 votos, e, entre os prosadores, Pedro Calmon, com 512.
O artista Mário Cravo viaja para a Alemanha, onde fixará residência pelo período de um ano, a convite da Fundação Ford e da prefeitura da cidade de Berlim Ocidental. Leva na bagagem boa coleção de peças para exposição imediata e farto material publicitário da Bahia.

Flávio de Paula e Pedro Calmon
O governo do estado inaugura, em Salvador, a Estação Rodoviária Armando Viana de Castro, localizada entre as Sete Portas e os Dois Leões, construída pelo DERBA. Momento marcante da cerimônia é a fala do jornalista Assis Chateaubriand, dos Diários Associados, quando enaltece a figura do jornalista Simões Filho.
Morre tragicamente, suicidando-se, o deputado Juracy Magalhães Júnior, filho do ex-governador Juracy Magalhães. Eleito deputado federal em 1958 pela UDN, exerceu a vice-liderança do partido, até aceitar o convite do presidente Jânio Quadros para ocupar a subchefia da Casa Civil da Presidência, que exerceu até a renúncia do presidente, em agosto de 1961.
Lançado postumamente, no Rio de Janeiro, na Livraria São José, o livro do deputado Juracy Magalhães Júnior, A luta da nossa geração.
A Campanha da Mulher pela Democracia, a CAMDE, distribui em Salvador, de casa em casa, panfletos conclamando as famílias a lutar contra “o inimigo comunista, que é a negação da liberdade, da justiça e da paz”. Nos estudos que se seguiram ao golpe militar de 1964, a CAMDE apareceria como uma das entidades financiadas por organismos internacionais para criar o clima de animosidade popular contra o governo estabelecido.
O cineasta italiano Alberto D’Aversa filma, em Juazeiro, Seara vermelha, baseado no livro homônimo de Jorge Amado, com a atriz Jurema Pena no papel de Diva, a personagem principal.
Novos blocos surgem no Carnaval de Salvador, prestigiando e valorizando a folia na rua, entre eles Os Corujas e o Bloco do Barão, este último composto por associados do Clube Baiano de Tênis, tradicional reduto da elite local.
Os meios culturais baianos se entusiasmam com a compra, pelo governo do estado, do conjunto que constituiu a famosa residência senhorial do desembargador Pedro Unhão de Castelo Branco, o solar do Unhão, como ficou conhecido, consta de casa-grande, senzalas, armazém, cais de embarque e desembarque e uma capela datada do século XVII. A restauração do conjunto arquitetônico é da responsabilidade de Lina Bo Bardi, que ali instala o Museu de Arte Moderna da Bahia, agora englobando as Oficinas de Arte e o Museu de Arte Popular.
O cineasta baiano Aécio Andrade, radicado no Rio de Janeiro, lança em Salvador o filme O tropeiro em “avant-pemière” no Brasil. Totalmente rodado na Bahia, apresenta muita beleza plástica nas cenas rodadas na gruta considerada a maior do mundo, no município de Ituaçu, e tem como tema central a reforma agrária.
A UNE patrocina espetáculo a cargo do Centro Popular de Cultura da Bahia, com a encenação da peça Bumba Meu Boi, a qual tem texto de José Carlos Capinam e música de Antônio José Santana (Tom Zé).